Louvados sejam Nosso Senhor Jesus Cristo e sua Mãe a Virgem Maria, Senhora Nossa. Tudo bem com vocês?
“Quarta-Feira de Cinzas”
A celebração mais importante da Igreja é a Páscoa. Nela
celebramos os mistérios centrais da vida de Cristo. Dizemos centrais, pois a
Páscoa penetra toda a atividade do cristão, tanto celebrativa como da vivência.
Páscoa não é só uma festa, mas uma vida que acontece. As celebrações são
Memória dos acontecimentos de Sua Paixão e Ressurreição.
Para bem viver este momento temos o tempo da Quaresma. Esta
palavra significa 40 dias. Há muitas tradições a respeito. Cada tempo celebrou
de um modo. Atualmente passa meio esquecida. Mas podemos fazer uma comparação
com algo que está muito comum: é como um treinamento esportivo tanto para saúde
como para a disputa de jogos.
É como fazer uma terapia de fortalecimento espiritual. O
treinador é o próprio Jesus que nos dá as técnicas de Sua academia. Recebemos
uma dieta própria para o organismo espiritual. Esta dieta é o jejum.
Antigamente era muito exigente. Não é parar de comer ou passar fome. É
esvaziar-se das preocupações e dedicar-se ao único necessário. É preciso ser
centrado. Tudo é bom, mas nem tudo aproveita naquele momento. É preciso
selecionar.
A terapia e o treinamento vão fundo no coração para colocar
os pensamentos em ordem através da oração. É uma terapia completa que atinge
todos os pontos frágeis de nosso espiritual. Como de nosso corpo que cria
massas, tiramos os excessos de nosso interior. A esmola, ou a preocupação com
os outros dá-nos um corpo espiritual bem formado que ajuda nosso corpo físico.
À medida que nos preocuparmos com outros, tiramos nossos excessos. Que adianta
ter corpo sadio e bonito, se o interior, que o sustenta, não estive curado,
sarado.
A Quaresma não é somente um trabalho individual, mas de todo
o corpo eclesial. Ela é vivida na comunidade como um todo. É toda a comunidade
que se converte. Não há individualismo espiritual. Há sim o empenho de cada um
para se unir ao Corpo de Cristo e trabalhar para sua purificação naquilo que é
humano, isto é, nossa parte. A Igreja toda deve ser penitente.
A penitência não são sacrifícios impostos para fazer sofrer,
mas atitudes de sair de si e pensar nos outros. Vivemos mais para as estruturas
que para a vida do Senhor que habita nela. Por isso Paulo insiste que Jesus
quer tornar sua Igreja pura digna como esposa.
A purificação se faz pela caridade que cobre a multidão dos
pecados. Essa caridade não são alguns gestos ocasionais, mas uma atitude
permanente de acolhimento e, mais ainda, como nos ensina Papa Francisco, ir
busca dos necessitados da graça e do pão. A maior política que se poderia fazer
pelo mundo seria colocar a caridade em ato. Precisamos de ações concretas para
dar vida a rostos sofridos e que tem em nós a última esperança.
Toda forma de alegria é boa, desde que seja alegria, pois é
impossível ser alegre sem o bem, a justiça e o amor. A penitência e o esforço
quaresmal em preparação para a Páscoa terão como resultado a alegria da
Ressurreição. “Os discípulos ficaram alegres por verem o Senhor”.
As mulheres que viram o Senhor voltaram cheias de alegria
para comunicar aos discípulos (Mt 28,8). Jesus dissera: "Vós agora estais
tristes; mas eu voltarei a vos visitar, e vos enchereis de alegria, e ninguém
tirará vossa alegria” (Jo 16,22). É a alegria da participação da vida do
Ressuscitado. Preparando-nos para a Páscoa ela dará seus frutos em nossa vida e
na vida do mundo, pois a Ressurreição do Senhor é um ato de Deus para todo
Universo.