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domingo, 26 de julho de 2020

SÃO JOAQUIM E SANT'ANA | 26 DE JULHO


Louvados sejam Nosso Senhor Jesus Cristo e sua Mãe a Virgem Maria, Senhora Nossa. Tudo bem com vocês?

[Memorial] Dia memorial para comemorar um santo ou santos.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 13, 16-17)
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: "Felizes sois vós, porque vossos olhos veem e vossos ouvidos ouvem. Em verdade vos digo, muitos profetas e justos desejaram ver o que vedes, e não viram, desejaram ouvir o que ouvis, e não ouviram".

É com grande júbilo que a Igreja convida hoje os seus filhos a celebrar a gratíssima memória de São Joaquim e Sant'Ana, pais da Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe de Deus e Nossa Senhora. Dos evangelhos que nos narram a infância de Cristo — Mateus e Lucas —, nada se pode deduzir a respeito dos avós do Senhor; é com base em um escrito não canônico de meados do século II d.C., o chamado Proto-evangelho de Tiago, que os primeiros cristãos passaram a conhecer o nome e a sorte destes santos esposos. Outras obras apócrifas, como o Evangelho do Pseudo-Mateus (c. 400 d.C.), que exerceu grande influência durante a Idade Média, também serviram para suprir o silêncio da literatura canônica e satisfazer a piedosa curiosidade dos fiéis. Estes antigos relatos, embora resvalem vez por outra para o exagerado e fabuloso — no que muito destoam dos evangelhos autênticos, sempre sóbrios e comedidos —, apresentam contudo informações de grande valor sobre a fé dos nossos primeiros irmãos em Cristo Jesus; dentre elas, os nomes de Joaquim e Ana já foram há muito incorporados ao patrimônio e à tradição da Igreja Católica.
Por estes testemunhos e pelo que nos dizem os Santos Padres, sabemos que um rico e caridoso pastor chamado Joaquim, herdeiro da casa de Davi, morava em Jerusalém com a esposa, Ana, pertencente à estirpe de Aarão. Como passassem os anos e o estéril casal, vivendo admiravelmente a castidade esponsal, não tivesse nenhum filho, Joaquim, então de idade bastante avançada, foi repreendido no Templo por um sacerdote de nome Rubem, porquanto o Senhor não os abençoara com uma descendência em Israel. Envergonhado diante do povo, ele decidiu retirar-se a uma terra distante, de modo que a mulher, já muito abatida por sua infertilidade, ficou por longo tempo sem notícias suas. No entanto, após muito rezarem, apareceu-lhes um anjo a anunciar o nascimento de um filho, que Ana prometera em suas preces consagrar a Deus. Por isso, o casal, obediente aos desígnios divinos e com renovada esperança, reatou a sua união, da qual veio a nascer Maria Santíssima, apresentada ainda menina no Templo de Jerusalém para ali ser educada no serviço ao Senhor.
Preparando, assim, o espírito de Sant'Ana para receber no santuário do seu seio a verdadeira Arca da Aliança, que conceberia virginalmente o Pão vivo descido do céu, o Deus de misericórdias fez dos justos avós de sua Mãe Imaculada testemunho especialíssimo de confiança e de abandono, de fé e de esperança, de virtude e de desprendimento. Recebendo, pois, do Rei dos Reis a Rainha do Céu e da terra, São Joaquim e Sant'Ana souberem devolver ao Senhor o dom precioso com que foram agraciados, de sorte que, consagrando a Deus a filha que Ele mesmo escolhera para ser sua Mãe, esse santo casal deu-nos a Porta por que viria ao mundo o nosso Redentor. Recorramos hoje à intercessão destes dulcíssimos esposos e peçamos-lhes a proteção materna de sua Filha ditosa e toda santa, para que ela, por seu auxílio e poder, nos apresente, entregue e consagre ao seu bem-amado Filho. — Ó São Joaquim e Sant'Ana, guardai as nossas famílias, protegei-nos dos males presentes e preparai-nos para o encontro definitivo com o Pai!

FONTE: PADRE PAULO RICARDO 


sábado, 25 de julho de 2020

SÃO TIAGO APÓSTOLO | 25 DE JULHO


Louvados sejam Nosso Senhor Jesus Cristo e sua Mãe a Virgem Maria, Senhora Nossa. Tudo bem com vocês?

[Solenidade] As principais celebrações da Igreja recebem o nome de solenidade. Como o próprio nome indica, a solenidade é "a festa das festas".
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 20, 20-28)
Naquele tempo, a mãe dos filhos de Zebedeu aproximou-se de Jesus com seus filhos e ajoelhou-se com a intenção de fazer um pedido. Jesus perguntou: "O que tu queres?" Ela respondeu: "Manda que estes meus dois filhos se sentem, no teu Reino, um à tua direita e outro à tua esquerda".

Jesus, então, respondeu-lhes: "Não sabeis o que estais pedindo. Por acaso podeis beber o cálice que eu vou beber?" Eles responderam: "Podemos". Então Jesus lhes disse: "De fato, vós bebereis do meu cálice, mas não depende de mim conceder o lugar à minha direita ou à minha esquerda. Meu Pai é que dará esses lugares àqueles para os quais ele os preparou".

Quando os outros dez discípulos ouviram isso, ficaram irritados contra os dois irmãos. Jesus, porém, chamou-os e disse: "Vós sabeis que os chefes das nações têm poder sobre elas e os grandes as oprimem. Entre vós não deverá ser assim. Quem quiser tornar-se grande, torne-se vosso servidor; quem quiser ser o primeiro, seja vosso servo. Pois o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate em favor de muitos".

Hoje, a Igreja celebra a festa de São Tiago Maior, Apóstolo de Nosso Senhor e irmão de São João, Evangelista. Martirizado em 44 d.C. na cidade de Jerusalém (cf. At 12, 1s) após, segundo a tradição, tentar cristianizar os pagãos da Hispânia, Tiago é apresentado no Evangelho como um dos três discípulos prediletos de Jesus; ao lado do irmão e de Pedro, ele foi, de fato, objeto de uma especial atenção por parte de Cristo. Além de outros tantos privilégios, esse impetuoso Apóstolo, chamado pelo Senhor de "filho do trovão" (cf. Mc 3, 17), teve a graça de contemplar no cume do monte Tabor a glória da Transfiguração. Mas é ao meditarmos a sua índole e o seu papel junto dos outros dois discípulos privilegiados que podemos compreender a sua importância para a nossa própria vida espiritual. Nessa pequena "trindade" de Apóstolos, com efeito, vemos representados os três grandes caminhos que conduzem à santidade. Em Pedro, por um lado, temos o amor fervente que Deus quer de nós; em João, por outro, o conhecimento contemplativo das coisas divinas; em Tiago, por fim, o serviço humilde na vida ordinária de cada fiel.
Longe de se excluírem mutuamente, essas três vias têm de ser percorridas por todo e qualquer cristão, pois todos fomos criados para cumprir essas três finalidades: amar, conhecer e servir a Deus. Amar com uma vontade firme e resoluta; conhecer com uma inteligência reta e sedenta de verdade; servir com tudo o que temos possuímos, com a nossa memória, com os nossos afetos, com todas as nossas potências. Roguemos hoje a São Tiago Maior que nos alcance do Mestre a quem tanto serviu a graça de sermos mais fiéis no cumprimento constante e humilde dos nossos deveres de estado, nos quais e pelos quais Deus, que governa as nações e os corações, quer encontrar-se conosco. Peçamos também a Maria Santíssima, Virgo fidelis, que afaste de nós toda sede de poder e autoridade, pois, como diz Nosso Senhor, quem "quiser tornar-se grande, torne-se vosso servidor; quem quiser ser o primeiro, seja vosso servo".

 FONTE: PADRE PAULO RICARDO 

quarta-feira, 22 de julho de 2020

SANTA MARIA MADALENA | 22 DE JULHO


Louvados sejam Nosso Senhor Jesus Cristo e sua Mãe a Virgem Maria, Senhora Nossa. Tudo bem com vocês?

[Memorial] Dia memorial para comemorar um santo ou santos.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 20, 1-2.11-18)
No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao túmulo de Jesus, bem de madrugada, quando ainda estava escuro, e viu que a pedra tinha sido retirada do túmulo. Então saiu correndo e foi encontrar Simão Pedro e o outro discípulo, aquele que Jesus amava, e lhes disse: “Tiraram o Senhor do túmulo, e não sabemos onde o colocaram”. Maria estava do lado de fora do túmulo, chorando. Enquanto chorava, inclinou-se e olhou para dentro do túmulo. Viu, então, dois anjos vestidos de branco, sentados onde tinha sido posto o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés.

Os anjos perguntaram: “Mulher, por que choras?” Ela respondeu: “Levaram o meu Senhor e não sei onde o colocaram”. Tendo dito isto, Maria voltou-se para trás e viu Jesus, de pé. Mas não sabia que era Jesus. Jesus perguntou-lhe: “Mulher, por que choras? A quem procuras?” Pensando que era o jardineiro, Maria disse: “Senhor, se foste tu que o levaste dize-me onde o colocaste, e eu o irei buscar”.


Então Jesus disse: “Maria!” Ela voltou-se e exclamou, em hebraico: “Rabuni” (que quer dizer: Mestre). Jesus disse: “Não me segures. Ainda não subi para junto de meu Pai. Mas vai dizer aos meus irmãos: subo para junto do meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus”. Então Maria Madalena foi anunciar aos discípulos: “Eu vi o Senhor!”, e contou o que Jesus lhe tinha dito.
A figura de S. Maria Madalena, cuja festa temos hoje a alegria de celebrar, costuma ser identificada na tradição ocidental com aquela Maria que os evangelistas dizem ser irmã de Marta e Lázaro de Betânia, amigos do Senhor (cf. Jo 12, 1-11). Tratar-se-ia também de uma pecadora pública (cf. Lc 7, 36-50) que, após haver testemunhado as vísceras de misericórdia com que o Filho de Deus encarnado acolhe todos os arrependidos, converteu-se à fé e tornou-se uma profunda contemplativa, tal como no-la retrata o Apóstolo S. Lucas (cf. Lc 10, 38-42). Seja como for, o Evangelho segundo S. João faz questão de a colocar ao pé do sepulcro de Cristo, como imagem significativa de uma alma que, tendo fornicado com o pecado e se prostituído aos demônios, é agora uma esposa, limpa e pura, para quem não há consolação longe do seu amado: “Maria estava do lado de fora do túmulo, chorando”, e nem mesmo os anjos que o guardavam, revestidos de esplendor (cf. Lc 24, 4), puderam suster-lhe os soluços e aquietar-lhe o coração.
Maria Madalena também é retratada, nos episódios após a Ressurreição, como a primeira dos apóstolos, não no sentido de haver recebido a ordenação sacerdotal nem, muito menos, por ser coluna da Igreja como o são, em sentido próprio e específico, os doze Apóstolos escolhidos a dedo por Nosso Senhor: antes, Maria foi anjo e apóstolo por ter sido a primeira a anunciar a Ressurreição de Cristo; ela foi, portanto, a primeira a fazer aquilo que todos, padres ou não, estamos chamados a fazer: testemunhar ao mundo, por força da nossa vocação batismal, com palavras e obras, que Cristo ressuscitou verdadeiramente, que está vivo e operante, atingindo do nascente ao poente com sua graça, convertendo os corações e os reconduzindo, pelo ministério da Igreja, ao caminho da santidade e da salvação. Que, a exemplo de S. Maria Madalena, abracemos nossa condição de apóstolos, isto é, de enviados para anunciar ao mundo todo a Boa-nova: Cristo vive, e é somente por Ele que temos acesso ao Pai e um caminho seguro à vida eterna.
FONTE: PADRE PAULO RICARDO 

sexta-feira, 17 de julho de 2020

MARTÍRIO DAS CARMELITAS | VIDA CARMELITA EREMITA


Louvados sejam Nosso Senhor Jesus Cristo e sua Mãe a Virgem Maria, Senhora Nossa.
Tudo bem com vocês?

No dia 17 de julho de 1794, segundo período do Terror da Revolução Francesa; 16 irmãs carmelitas de Compiègne, são levadas para guilhotina acusadas de serem “subversivas” e inimigas da Revolução.

As irmãs faziam parte da Ordem da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo pertencentes a REFORMA iniciada por Santa Madre Teresa de Jesus, sendo assim Carmelitas Descalças. 

Diante da catástrofe eminente as irmãs foram ameaçadas dentro do Claustro e a Capela, portanto profanados, pelas tropas do governo que lutavam por emancipação política – a Revolução Francesa – por não aceitarem a ordem estabelecida pelo então governo da época, por meio do Comissionario, foram tidas como rebelde e mantidas sob custódia do então governo.


Na noite anterior nas mãos do então Capelão do Convento fizeram voto de martírio, sendo uma celebração clandestina pois estavam proibidas de expressarem sua RELIGIÃO. Portanto prometendo não se opor a condenação e de não fazer caso por tal. Sendo assim dezesseis (16) monjas foram martirizadas em praça pública sob punição de decapitação, permanecendo apenas Madre Maria para perpetuar a Ordem e dar continuidade na esperança de tempo melhores.

quinta-feira, 16 de julho de 2020

SOLENIDADE DE NOSSA SENHORA DO CARMO | 16 DE JULHO


Louvados sejam Nosso Senhor Jesus Cristo e sua Mãe a Virgem Maria, Senhora Nossa. Tudo bem com vocês?

[Solenidade] As principais celebrações da Igreja recebem o nome de solenidade. Como o próprio nome indica, a solenidade é "a festa das festas".

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 12, 46-50)
Naquele tempo, enquanto Jesus estava falando às multidões, sua mãe e seus irmãos ficaram do lado de fora, procurando falar com ele. Alguém disse a Jesus: “Olha! Tua mãe e teus irmãos estão aí fora, e querem falar contigo”. Jesus perguntou àquele que tinha falado: “Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?” E, estendendo a mão para os discípulos, Jesus disse: “Eis minha mãe e meus irmãos. Pois todo aquele que faz a vontade do meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”.
1. A festa de Nossa Senhora do Carmo foi instituída com o fim de honrar a Bem-aventurada Virgem Maria pelos grandes benefícios que, por intercessão dela, tem recebido ao longo dos séculos a família carmelita. De acordo com o Pe. Zimmermann (cf. Monumenta Historica Carmelitana. Lirinæ, 1907, vol. 1, pp. 323-363), esta festa teria surgido por volta de 1387, e desde aquela época costuma ser celebrada no dia 16 de julho. Somente mais tarde passou a estar vinculada à devoção do santo escapulário. A festa foi aprovada por Sisto V, em 1587. Em 1600, após o voto favorável de S. Roberto Belarmino, foi declarada festa patronal para toda a Ordem carmelita. A sua difusão foi rápida, não obstante algumas proibições pontuais estabelecidas pelo decreto “Contra abusus”, de 1628, e renovado uma década mais tarde. Ainda neste mesmo ano, contudo, a festa começou a celebrar-se na Espanha e em várias regiões da Sicília. Em 1674, ela já se havia estendido por toda a Espanha e às terras a ela sujeitas; no ano seguinte, à Áustria; e, em 1679, ao reino de Portugal e seus domínios. Em 1726, ela começou a ser celebrada também nos Estados pontifícios. O Papa Bento XIII, por meio do Breve de 24 set. 1726, finalmente estendeu a celebração a toda a Igreja, inserindo porém nas leituras do segundo noturno a seguinte reserva: “Pie creditur”. O Papa Leão XIII, por meio do Breve de 16 mai. 1892, anexou-lhe o privilégio da indulgência plenária toties quoties à semelhança do privilégio da Porciúncula [1].
2. A origem da Ordem carmelita remonta, de certa forma, ao profeta Elias, que, segundo a tradição, teria levado uma vida eremítica de oração e penitência no Monte Carmelo, localizado na costa norte de Israel. Inspirados no exemplo de Elias, e movidos de amor a Jesus Cristo, alguns monges cristãos, muitos séculos depois, decidiram reunir-se no mesmo monte para viver o silêncio e a contemplação. Afastados do mundo, esses primeiros eremitas do Carmo viveram um dos grandes mistérios da nossa fé e que está, de algum modo, contido no próprio nome “carmelo”, que significa “jardim”: o justo, isto é, o homem que está em estado de graça, transforma-se, pela ação divina, no jardim das delícias de Deus, segundo aquilo do provérbio: “Brincando sobre o globo de sua terra, achando as minhas delícias junto aos filhos dos homens” (Pr 8, 31). Sabemos, com efeito, que Deus, ao justificar o ímpio, infunde-lhe a graça santificante e, com ela, todo um cortejo de virtudes sobrenaturais, das quais a caridade é a mais importante e excelente. Desta forma, o justo é transformado em amigo de Deus, e como é próprio dos amigos o estarem juntos e compartilharem o que têm de mais íntimo, a graça santificante estabelece entre Deus e o homem uma verdadeira relação de presença e carinho, de convívio e confidência: “As minhas delícias junto aos filhos dos homens”. Se temos, pois, a alegria de estar em graça, saibamos ver com os olhos da fé que a nossa alma é um jardim ameno e aprazível, em que Deus gosta de passear, “à hora da brisa da tarde” (Gn 3, 8), para respirar suavemente nossos atos de fé e de amor mais sinceros.
3. Que, por intercessão de Nossa Senhora do Carmo, saibamos manter sempre limpo este jardim que o Senhor quis plantar em nós para ter nele o seu descanso, e aprendamos da mesma Virgem a colocar as nossas delícias apenas naquele que tem em nós a suas: “As minhas delícias junto aos filhos dos homens”.
Referências
1.    Tradução de Gabriel M.ª Roschini, Mariologia. Romæ: Angelus Belardetti, 1958, vol. 4 (= t. 2, 3.ª parte), pp. 144-145.


sábado, 11 de julho de 2020

SÃO BENTO | 11 DE JULHO


Louvados sejam Nosso Senhor Jesus Cristo e sua Mãe a Virgem Maria, Senhora Nossa. Tudo bem com vocês?

[Memorial] Dia memorial para comemorar um santo ou santos.
Pelo final do século V, o Império Romano estava em ruínas. Enfraquecida desde dentro pela corrupção, pela opulência, pela luxúria e pelo comodismo, a cidade de Roma foi, durante boa parte do século, violentamente invadida por povos estrangeiros.
O Império foi à bancarrota, tanto moral quanto financeiramente, e, por volta do ano 500, Bento — um jovem nobre da cidade de Núrsia — decidiu que a melhor coisa que poderia fazer era subir para as montanhas e tornar-se eremita. Primeiro, ele foi a Subiaco e viveu em uma caverna, onde foi orientado por um monge mais velho. Finalmente, mudou-se para o sul, em Monte Cassino, onde estabeleceu pequenas comunidades de homens e mulheres que pudessem seguir uma vida simples e digna de trabalho, estudo e oração.
G. K. Chesterton diz que cada século é salvo pelo santo que lhe é mais contrário. A simplicidade monástica de São Bento era justamente a resposta de que a corrupção e a opulência do decadente Império Romano precisavam. Ele respondeu à luxúria com a pureza, à avareza com a simplicidade, à ignorância com a sabedoria, à decadência com a indústria e ao cinismo com a fé. Suas comunidades nas montanhas se tornaram faróis em uma época de trevas e um refúgio para as tempestades que estavam prestes a cair.
Vale a pena lembrar o exemplo de Bento hoje, quando muitos vêem aproximar-se as mesmas tempestades do que parece ser a derrocada da civilização ocidental. Quando consideramos o fim que levou a Roma pagã, os paralelos são sensivelmente similares.
São Bento subiu para as montanhas porque percebeu que com os romanos não havia diálogo. Não havia argumento possível porque os seus corações e mentes estavam obscurecidos.
Também a nossa cultura está enfraquecida desde dentro por incríveis opulência, luxúria e sensualidade. Como os antigos romanos, a nossa sociedade mata os seus filhos que ainda não nasceram em um nível alarmante e também investe grandes montantes em máquinas militares para dominar o mundo. Nossos ricos "patrícios" reinam de seus templos de poder sem nenhuma preocupação com o povo, enquanto os "plebeus" comuns rangem os dentes com descontentamento cada vez maior. Também nós nos sentimos ameaçados por bárbaros desconhecidos que vêm do outro lado do mundo e também nós nos preocupamos em defender-nos das hordas que cruzam as nossas fronteiras.
Por que Bento escolheu simplesmente retirar-se? Acredito que ele o fez porque percebeu que a civilização romana não tinha salvação, ela já tinha chegado ao fim de sua vida útil. O primeiro capítulo da Epístola de São Paulo aos Romanos explica como Deus entrega as pessoas aos seus desejos pecaminosos e, por isso, as suas mentes ficam obscurecidas. Elas se tornam viciadas e cegas pelo pecado e são incapazes de pensar retamente. Bento subiu para as montanhas porque percebeu que com os romanos não havia diálogo. Não havia argumento possível porque os seus corações e mentes estavam obscurecidos. Eles tinham perdido a capacidade de raciocinar e a habilidade de escutar e amar a verdade.
Essa é cada vez mais a situação do mundo de hoje. Já há muito tempo que a nossa civilização virou as costas para a verdade, para a beleza e a para a bondade da fé cristã; que temos nos sujeitado ao comodismo, entregando-nos a grandes pecados de luxúria, crueldade e assassinato. Como sociedade, nós destruímos o matrimônio, abusamos de nossas crianças, matamo-nos uns aos outros, travamos guerras e roubamos dos mais pobres. Nossos corações e mentes estão agora obscurecidos. Atingidos pelo câncer intelectual do relativismo, não somos capazes nem de ouvir a razão nem de produzir argumentos. Fomos abandonados ao turbilhão de nossas emoções, agitados pela raiva, pelo ódio irracional e pela frustração demoníaca.
O que podemos fazer? Como católicos, nós viveremos cada vez mais a "opção beneditina". Há quem pense que terminaremos nos escondendo em nossos próprios enclaves, como sobreviventes de um holocausto nuclear, mais ou menos como uma volta às catacumbas. Eu não seria tão pessimista. Acredito que a "opção beneditina" pode ser simplesmente uma percepção de que precisamos retornar à essência da nossa fé e vivê-la em nossas já existentes comunidades paroquiais. Nossas paróquias podem tornar-se refúgios de paz, centros de cultura, educação e razão. Elas podem tornar-se lugares onde a oração, o trabalho e o estudo são valorizados.
Sem formar novas comunidades monásticas, nossas famílias e paróquias podem transformar-se em "mosteiros domésticos", onde nós viveremos com simplicidade e cultivaremos com consciência a nossa fé, refugiando-nos do dilúvio que devasta a nossa sociedade.
Para tanto, nós precisaremos reavaliar a nossa relação com a cultura que nos rodeia. Precisaremos simplificar as nossas vidas. Será que realmente precisamos de todas essas coisas materiais que nos puxam para baixo e nos atolam nas dívidas e no estresse? Será que realmente precisamos correr tão freneticamente, com tanta pressa, o tempo todo? Temos realmente que nos conformar com a sociedade agitada, vaidosa e avarenta em que vivemos? Realmente precisamos de todo esse entretenimento e distração que nos leva à destruição? Acho que não.
Contra tudo isso, a "opção beneditina" colocará o nosso foco nos votos que estão no coração da Regra de São Bento: estabilidade, obediência e conversão de vida. A estabilidade nos ajudará a desenvolver raízes profundas em nossa fé, em nossas famílias e em nossa Igreja. Encontraremos aí a nossa segurança, e não em nosso trabalho, em nosso dinheiro ou em nossas realizações. A obediência significa que procuraremos submeter-nos constantemente às Sagradas Escrituras, aos ensinamentos da Igreja, a Deus e uns aos outros. A conversão de vida significa que tudo o que fizermos e dissermos, e toda decisão que tomarmos, será determinada por nosso desejo de sermos completamente transformados na imagem de Cristo. Ou, como São Bento põe em sua regra, "Christo nihil praeponere — nada antepor a Cristo".
As simples e humildes comunidades beneditinas se tornaram a fundação da maior civilização que o mundo já viu. Por um milênio, a Europa cristã esteve enraízada na singela intuição de São Bento de Núrsia. Se os católicos fizerem essa opção, ainda podemos forjar uma fundação forte e vigorosa para o futuro da nossa sociedade.