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domingo, 18 de outubro de 2020

SÃO LUCAS EVANGELISTA | 18 DE OUTUBRO


Louvados sejam Nosso Senhor Jesus Cristo e sua Mãe a Virgem Maria, Senhora Nossa. Tudo bem com vocês?

[Festa] Uma celebração religiosa anual.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 10, 1-9)
Naquele tempo o Senhor escolheu outros setenta e dois discípulos e os enviou dois a dois, na sua frente, a toda cidade e lugar aonde ele próprio devia ir. E dizia-lhes: “A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Por isso, pedi ao dono da messe que mande trabalhadores para a colheita.

Eis que vos envio como cordeiros para o meio de lobos. Não leveis bolsa, nem sacola, nem sandálias, e não cumprimenteis ninguém pelo caminho! Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: ‘A paz esteja nesta casa!’ Se ali morar um amigo da paz, a vossa paz repousará sobre ele; se não, ela voltará para vós. Permanecei naquela mesma casa, comei e bebei do que tiverem, porque o trabalhador merece o seu salário. Não passeis de casa em casa. Quando entrardes numa cidade e fordes bem recebidos, comei do que vos servirem, curai os doentes que nela houver e dizei ao povo: ‘o Reino de Deus está próximo de vós’”.
S. Lucas, evangelista, cuja festa temos hoje a alegria de celebrar, destaca-se na história da Igreja como companheiro missionário de S. Paulo (cf. 2Tm 4, 11). Natural de Antioquia, Lucas nasceu fora da religião judaica e foi, como consta da S. Escritura, perito em medicina (cf. Col 4, 14) e, no dizer de S. Jerônimo, “o mais erudito de todos os evangelistas” (Ad Dam., ep. XX, 4). É a ele que que se atribui a autoria dos Atos dos Apóstolos — livro escrito em grande parte em primeira pessoa, sinal de um testemunho direto dos fatos narrados —, que é como uma “continuação” do terceiro evangelho, também obra sua e, de certo modo, reflexo da pregação de S. Paulo aos gentios. Também em muitas epístolas canônicas consta, sem sombra de dúvida, a sua fidelidade constante ao Apóstolo das gentes (cf., por exemplo, Fil 24; 2Tm 4, 9-11). Este, contudo, não é de forma alguma a única fonte de que Lucas bebeu para escrever o terceiro evangelho. A narração da infância de Cristo, por exemplo, indica uma origem distinta, pois tem uma coloração peculiar, sobretudo se a comparamos com o relato paralelo de S. Mateus. Se neste, com efeito, a infância de Jesus é narrada da perspectiva de S. José, em Lucas é o ponto de vista de Maria que prevalece. Isso faz supor, com muita probabilidade, que ele teve contato direto com Nossa Senhora, que guardava em seu coração (cf. Lc 2, 19.51) tudo quanto dizia respeito ao seu amado Filho. Some-se a isto o fato de o terceiro evangelho, como se diz logo nos primeiro versículos, ter sido redigido após uma diligente investigação (cf. Lc 1, 3), o que exige, obviamente, uma consulta às fontes primárias, ou seja, às testemunhas oculares dos principais acontecimentos da Redenção. Essa especial relação que o evangelista teve com a Virgem SS. deu origem a uma piedosa tradição (confirmada por Nicéforo Calisto, Simeão Metafrasta e, antes deles, já no século VI, por Teodoro Anagnosta), segundo a qual Lucas teria composto o primeiro retrato conhecido de Maria, no qual se teria inspirado, tempos mais tarde, o autor do ícone de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. A S. Lucas, cujo coração foi inspirado divinamente para relatar e transmitir a história da nossa salvação, peçamos a graça de uma terna e confiante devoção à Virgem bendita, àquela que nos mostra o único Caminho que leva ao Pai. — S. Lucas, evangelista, rogai por nós!


quinta-feira, 15 de outubro de 2020

SANTA TERESA DE ÁVILA | 15 DE OUTUBRO


Louvados sejam Nosso Senhor Jesus Cristo e sua Mãe a Virgem Maria, Senhora Nossa. Tudo bem com vocês?

[Memorial] Dia memorial para comemorar um santo ou santos.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 11, 47-54)

Naquele tempo, disse o Senhor: "Ai de vós, porque construís os túmulos dos profetas; no entanto, foram vossos pais que os mataram. Com isso, vós sois testemunhas e aprovais as obras de vossos pais, pois eles mataram os profetas e vós construís os túmulos.

É por isso que a sabedoria de Deus afirmou: Eu lhes enviarei profetas e apóstolos, e eles matarão e perseguirão alguns deles, a fim de que se peçam contas a esta geração do sangue de todos os profetas, derramado desde a criação do mundo, desde o sangue de Abel até o sangue de Zacarias, que foi morto entre o altar e o santuário. Sim, eu vos digo: serão pedidas contas disso a esta geração. Ai de vós, mestres da Lei, porque tomastes a chave da ciência. Vós mesmos não entrastes, e ainda impedistes os que queriam entrar".

Quando Jesus saiu daí, os mestres da Lei e os fariseus começaram a tratá-lo mal, e a provocá-lo sobre muitos pontos. Armavam ciladas, para pegá-lo de surpresa, por qualquer palavra que saísse de sua boca.

O Evangelho da Missa continua a nos apresentar a polêmica calorosa que se instalara entre Jesus e os fariseus. Nosso Senhor dirige-lhes duras verdades; dentre elas, o Evangelista São Lucas nos relata as seguintes: "Ai de vós, mestres da Lei", diz Cristo, "porque tomastes a chave da ciência. Vós mesmos não entrastes, e ainda impedistes os que queriam entrar." Mas a que ciência, a que chave o Senhor se refere? Sabemos que o núcleo desta discussão é o fato de que os fariseus e mestres da Lei, embora soubessem o caminho, não quiseram amar a Deus e impediram que outros O amassem; nesse sentido, a ciência de que se fala é justamente o conhecimento do amor de Deus. Eles se fecharam ao amor e, com a sua soberba, com os fardos que impunham ao povo, não deixaram que muitos também pudessem amar.
Esse versículo nos dá ocasião de ler sob nova luz a vida da grande santa que hoje comemoramos, Teresa d'Ávila. Essa mística de alta envergadura conseguiu a chave da ciência para penetrar o amor de Deus. Ao comparar a alma humana a um magnífico castelo em cujo átrio mais recôndito Deus habita e nos espera, Santa Teresa ensina que a chave para entrarmos nesta morada interior é a oração sincera, a oração de quem deseja real e efetivamente amar a Deus. Não se trata, já se vê, de devoções: a récita do Terço, a assistência diária à Santa Missa etc.; é preciso algo mais. É necessário que travemos com o Senhor um diálogo pessoal, íntimo; uma conversa confiada entre uma alma enamorada por Deus, que O deseja conhecer e amar sempre mais. É esta oração que dá sentido e vigor às nossas devoções. Sem ela, é impossível progredir no amor; sem ela, todos os Terços, todas as comunhões, todos os jejuns e penitências, todas as procissões e novenas se tornam coisa supérflua, uma espécie de farisaísmo cristão que se compraz em cumprir à risca vários "preceitos" religiosos, mas anda esquecido do mais importante: do amor sincero e verdadeiro a Deus.
Santa Teresa d'Ávila, fiel aos princípios que desde sempre balizaram a espiritualidade católica, nos lembra que a oração cristã, longe de ser um encargo fastidioso e mecânico, é algo que brota do fundo de uma alma que deseja, dia após dia, encontrar-se com Deus e comprometer-se a amá-lO com todas as forças de que for capaz. Aprendamos desta santa Doutora o caminho da oração íntima e pessoal que nos conduz à câmara nupcial do nosso coração, onde Deus nos espera, onde Ele tem a sua morada.


sexta-feira, 2 de outubro de 2020

SOLENIDADE DOS SANTOS ANJOS | 02 DE OUTUBRO


Louvados sejam Nosso Senhor Jesus Cristo e sua Mãe a Virgem Maria, Senhora Nossa. Tudo bem com vocês?

[Solenidade] As principais celebrações da Igreja recebem o nome de solenidade. Como o próprio nome indica, a solenidade é "a festa das festas".
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 18, 1-5.10)

Naquela hora, os discípulos aproximaram-se de Jesus e perguntaram: “Quem é o maior no Reino dos Céus?” Jesus chamou uma criança, colocou-a no meio deles e disse: “Em verdade vos digo, se não vos converterdes, e não vos tornardes como crianças, não entrareis no Reino dos Céus. Quem se faz pequeno como esta criança, esse é o maior no Reino dos Céus. E quem recebe em meu nome uma criança como esta, é a mim que recebe. Não desprezeis nenhum desses pequeninos, pois eu vos digo que os seus anjos nos céus veem sem cessar a face do meu Pai que está nos céus”.

Deus pôs cada um de nós sob o amparo de um anjo custódio, que nos protege e conduz ao longo desta peregrinação terrena. Não se trata de uma piedosa historieta para criancinhas, mas de uma doutrina firme e constantemente ensinada pela Igreja e celebrada hoje, de modo mais solene, na sagrada liturgia. Mas, embora não seja algo de criança, não deixa de ser verdade que o anjo de guarda é, sim, para crianças, não no sentido cronológico da palavra, mas em sua significação propriamente espiritual: todos nós, tenhamos oito ou oitenta anos, devemos portar-nos com o nosso anjo guardião como se fôramos crianças, ou seja, com aquela dócil confiança de quem se sabe amparado por alguém mais forte, mais sábio, mais preparado, que nos cobre com inúmeras provas de amor e carinho. Não se trata — notemos bem — de “simular” uma ingenuidade tola, de quem não conhece nada da vida nem dos homens, mas de ter um coração simples, inocente, confiante, à semelhança de um filho que, agarrado à mão do pai, se deixa conduzir livremente. Todos nós, que caminhamos rumo ao céu e, em tantas ocasiões, não sabemos por que estradas seguir, temos necessidade de um guia, de uma pessoa que nos aconselhe e inspire. E essa é a função do anjo a que a piedade divina nos confiou: ele, que vê sem cessar a face do nosso Pai celeste, enxerga claramente o que mais nos convém e está sempre pronto a nos indicar o caminho. Basta que queiramos abrir-nos às suas inspirações e dar-lhe “passe livre” para pegar da nossa mão e levar-nos consigo ao Reino dos Céus. Que a partir de hoje possamos afervorar nossa devoção aos santos anjos da guarda. Rezemos sempre, de noite e ao amanhecer, aquela bonita prece, talvez a primeira que nos tenham ensinado nossos pais: “Santo anjo do Senhor, meu zeloso guardador, se a ti me confiou a piedade divina, sempre me rege, guarda, governa e ilumina. Amém”.
Oração (da Coleta da Missa dos Santos Anjos da Guarda). — Ó Deus, que por inefável providência vos dignais enviar os Santos Anjos para que nos guardem, fazei, nós vo-lo pedimos, que sejamos continuamente defendidos pela sua proteção e mereçamos alcançar no céu a glória da sua companhia. Por Cristo, Nosso Senhor. Amém.

quinta-feira, 1 de outubro de 2020

SANTA TERESINHA DO MENINO JESUS E DA SANTA FACE


Louvados sejam Nosso Senhor Jesus Cristo e sua Mãe a Virgem Maria, Senhora Nossa. Tudo bem com vocês?

[Memorial] Dia memorial para comemorar um santo ou santos.
A 9 de abril de 1888, o carmelo de Lisieux, na França, abria as suas portas para aquela que um dia seria a padroeira das missões: Teresa Martin, ou Teresinha do Menino Jesus, como é popularmente venerada no Brasil. Coincidentemente, nesse mesmo dia se celebrava a Solenidade da Anunciação, que, como neste ano de 2018, havia sido transferida de 25 de março por causa do Domingo de Ramos. A própria santa é quem nos narra a grandiosidade daquele momento, “que é preciso ter passado por ele para saber o que ele é”, no seu Manuscrito A, da História de uma alma (69v):
Minha emoção não se traduziu exteriormente; depois de ter abraçado todos os membros da minha família querida, pus-me de joelhos diante de meu incomparável Pai, pedindo-lhe a sua bênção; para me dá-la ele mesmo se pôs de joelhos me abraçou chorando… Era um espetáculo que devia fazer sorrir os anjos aquele desse ancião apresentando ao Senhor sua filha ainda na primavera da vida! Alguns instantes depois, as portas da arca sagrada se fechavam sobre mim e lá eu recebia os abraços das irmãs queridas que me tinham servido de mães e que ia doravante tomar como modelos de minhas ações. Enfim meus desejos estavam realizados, minha alma sentia uma paz tão suave e tão profunda que me seria impossível exprimi-la e desde os sete anos e meio essa paz íntima permaneceu sendo meu quinhão, não me abandonou no meio das maiores provações. (grifos nossos)
A entrega heróica de Teresinha à vida religiosa coloca-nos diante de uma verdade: nós nascemos para Deus. Não há outro meio ou lugar onde o ser humano encontre a felicidade autêntica senão na realização total da sua vocação cristã. De fato, a maior parte de nós nunca terá a chance de ouvir “as portas da arca sagrada” se fecharem sobre nós, como ouviu Teresinha. Todavia, podemos imitar a sua entrega por meio do cumprimento heróico do nosso estado de vida, fazendo tudo o que está a nosso alcance por amor a Deus e à Igreja.
Para cumprir o seu chamado, Teresinha descobriu um caminho inteiramente novo, uma pequena via, que pode ser igualmente percorrida por cada um de nós. Trata-se de um caminho pelo qual nos tornamos ofertas de amor a Deus nas pequenas coisas do dia a dia.
A “pequena via” de Santa Teresinha é, deveras, uma redescoberta original do Evangelho, o que lhe rendeu o título de “doutor da Igreja”. No resumo de sua tese sobre a espiritualidade da pequena santa, o padre Conrado de Meester fala que esse “novo caminho” nada mais seria que uma resposta a uma “indagação vital” de todo ser humano, motivo pelo qual Teresinha “conseguiu causar um eco na Igreja bastante universal” (2018, p. 74).
Mas como foi que Teresa de Lisieux fez essa descoberta?
Teresinha entrou no Carmelo com apenas 15 anos de idade. Aos 16, seu pai caiu doente, após uma infecção causada pela picada de uma mosca. A doença levou o senhor Luís Martin à demência, a ponto de ele pegar em armas, durante um delírio, para defender as filhas num suposto fronte de guerra. Com medo de um acidente mais grave, a família achou por bem interná-lo numa clínica.
A situação provocou os comentários da cidade, que responsabilizou Teresinha pela doença do pai. É claro que isso causou graves constrangimentos ao coração da pequena santa, de modo que ela foi, aos poucos, descobrindo uma maneira de entregar-se a Deus nesse sofrimento. Após a morte do pai, em 1894, quando tinha ela já 21 anos, Teresinha finalmente entendeu a “pequena via” da santidade, lendo algumas citações bíblicas do Antigo Testamento, que encontrara nas anotações de sua irmã Celina, recém-chegada ao Carmelo. A descoberta foi uma verdadeira eclosão de amor, o passo decisivo para a sua entrada na sétima morada, que ocorreu na festa da Santíssima Trindade, em 1895.
A “pequena via” ajudou Teresinha a entregar-se como verdadeiro holocausto de amor pela salvação das almas. É incrível que, sem jamais ter lido Santo Tomás de Aquino, ela tenha entendido que o que santifica as almas não é a grandiosidade dos atos, mas a intensidade com que cada ação é praticada, de maneira que uma pequena ação pode converter-se numa grande declaração de amor a Jesus e ao próximo.
A intuição de Teresinha levou-a a apresentar-se à misericórdia divina com as mãos vazias. Vendo-se pequena e incapaz de qualquer mérito, olhando para os grandes santos e enxergando a sua miséria, ela simplesmente recorreu ao amor misericordioso de Cristo para que Ele mesmo realizasse a sua santificação. “O elevador que deve elevar-me até o Céu”, dizia Teresinha, “são vossos braços, ó Jesus” (Manuscrito B, 3v).
Na verdade, Teresinha apenas compreendeu que o amor perfeito é o amor misericordioso. Afinal de contas, Deus deseja almas de mãos vazias para que Ele possa derramar-se inteiramente sobre elas. Ele não quer ser obrigado a amar por justiça, a gratificar-nos segundo nossos méritos. Ele quer derramar-se de uma maneira inteiramente gratuita e inesperada, deseja entregar-se totalmente, de modo que Teresinha via que não precisava mais crescer, mas permanecer pequena (cf. Manuscrito B, 3v).
Essa espiritualidade de Teresinha produz a virtude da humildade e da magnanimidade. Colocando-nos humildemente aos pés de Deus, com as mãos vazias, admitimos nossa miséria e incapacidade para todo bem. Por outro lado, confiamos que nossa santificação é obra de um Outro, o qual não pode inspirar desejos irrealizáveis. Por isso, caminhamos na certeza de que Deus nos quer no Céu e, se correspondermos a Sua graça, um dia poderemos contemplá-lo face a face na eternidade.
Como um pequeno passarinho nas mãos de Deus, aproximemo-nos, portanto, da Sua misericórdia para que sejamos tão grandes quanto a humilde Teresinha do Menino Jesus.
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Referências
Conrado de Meester. De mãos vazias: A espiritualidade de Santa Teresinha do Menino Jesus. Petrópolis: Vozes, 2018.
Teresa de Lisieux. História de uma alma: nova edição crítica por Conrado de Meester. 4ª. ed. São Paulo: Paulinas, 2011.