Pesquisar este blog

TRADUTOR

VIDA CARMELITA EREMITA no YouTube

ADQUIRA MEU LIVRO DE ESPIRITUALIDADE | R$10,00 | DEUS LHE PAGUE!

domingo, 30 de junho de 2019

SOLENIDADE DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO

São Pedro e São Paulo, dia dedicado a esses dois santos ...


A grande festa de São Pedro e São Paulo foi instituída no século IV antes mesmo da definida data do Natal, e de costume rezam-se três Missas: A primeira na basílica São Pedro no Vaticano, a segunda na basílica de São Paulo e a terceira nas catacumbas de São Sebastião, onde as relíquias dos santos tiveram por um tempo escondidas.

Na Igreja do Brasil esta solenidade celebraremos no próximo domingo, onde coincidirá com o dia do Papa, por isso naquele dia partilharemos sobre a vida de São Pedro, e hoje vamos discorrer sobre a outra coluna da Igreja primitiva:

São Paulo: Nascido em Tarso da Cicília possuía um nome judeu Saulo e outro romano Paulo, e este que era cidadão romano foi para Jerusalém onde recebeu sólida formação nas Sagradas Escritura e no cumprimento da Lei, ao ponto de tornar-se um fariseu modelo. Antes de perseguidor dos cristão Paulo era um perseguido por Jesus Cristo, por isso foi alcançado pelo Senhor quando caiu do cavalo e começou a encontrar progressivamente sua vocação de: ‘Servo de Deus, apóstolo de Jesus Cristo para levar os eleitos de Deus à fé e ao conhecimento da verdade’ ( Tt 1,1 ). São Paulo a partir de Antioquia na Síria foi quem, com Barnabé, realizou três grandes expedições missionárias objetivo de anunciar a Boa Nova para os gentios, além de visitar e firmar suas Comunidades ora pessoalmente, ora com suas cartas pastorais, isto como uma perseverante luta por causa de Jesus e a Igreja; foi ele mesmo quem testemunhou antes de seu martírio por decapitação em 67 em Roma: ‘Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé’ ( 2Tm 4, 7).
São Pedro e Paulo… rogai por nós!
Celebramos, no dia 29 de junho, a Solenidade de São Pedro e São Paulo, duas colunas da Igreja, dois homens de Deus. São Pedro nasceu em Betsaida, cidade da Galileia. Conheceu Jesus por meio de seu irmão André. O Senhor, “fixando nele o olhar” (Jo 1,42), o chamou para segui-Lo. Jesus Cristo conquistou São Pedro pelo olhar cheio de carinho.

Aquele olhar do Mestre devia ser arrebatador, convincente e encerrava a radicalidade de entrega a Deus de maneira bem atraente. Simão é chamado Cefas, pedra, Pedro. De simples pescador, converteu-se num pescador de homens. Foi o vigário de Cristo na Terra, aquele que fez as vezes do Senhor aqui quando Ele já não estava entre os Seus em corpo mortal.

Jesus quis instituir a Sua Igreja tendo Pedro à frente dela, e isso para sempre. Daí que o ministério petrino foi perpetuado: Pedro, Lino, Cleto, Clemente, Evaristo, Alexandre, Sisto, Telésforo, Higino, Pio, Aniceto, Sotero, Eleutério, Vitor…. Paulo VI, João Paulo I, João Paulo II, Bento XVI: 266 papas, 265 sucessores de São Pedro. 
Uma realidade maravilhosa! Professemos entusiasmados a nossa fé nesta Igreja, que é “una, santa, católica e apostólica, edificada por Jesus Cristo, sociedade visível instituída com órgãos hierárquicos e comunidade espiritual simultaneamente (…); fundada sobre os apóstolos e transmitindo, de geração em geração, a Sua Palavra sempre viva e os Seus poderes de Pastores no sucessor de Pedro e nos bispos em comunhão com Ele; perpetuamente assistida pelo Espírito Santo” (Paulo VI, Credo do Povo de Deus).

As palavras de São Jerônimo (+420) são taxativas: “Não sigo nenhum primado a não ser o de Cristo; por isso ponho-me em comunhão com a Sua Santidade, ou seja, com a cátedra de Pedro. Sei que sobre esta pedra está edificada a Igreja. Quem se alimenta do Cordeiro fora dessa casa é um ímpio. Quem não está na arca de Noé perecerá no dia do dilúvio” (Carta ao Papa Damaso, 2). 
Observe: a Igreja é qual outra arca de Noé. Pedro está à sua frente. Atualmente, é Bento XVI quem governa essa grande barca. Perigoso é ficar fora dela em tempos de dilúvios!

Há tempestades nos tempos atuais? Deixarei a resposta para os que me lerem. Contudo, preocupa-me tanto o fato de que o homem fique eclipsado diante de si mesmo; até parece que se afoga nas próprias concepções em torno da vida, da pessoa humana, da sexualidade e de tantos outros temas. Onde está o seu norte? Para onde se encaminha?

Escutar a voz do Pedro dos nossos tempos e não deixar-se sufocar pelas novidades que obscurecem a nossa fé em Deus e esfriam o nosso amor a Ele é algo muito sábio. Não! Nem todas as novidades colocam em perigo a nossa fé e o nosso amor. Frequentemente, o mais perigoso é a atitude diante delas. Não podemos ser orgulhosos, aprendamos da nossa mãe, a Igreja, aprendamos de quem Jesus colocou à frente dessa grande família de filhos de Deus, o Papa, e tenhamos atitudes de acordo com o Evangelho.

Que dizer de São Paulo? Ele foi um homem que, na pregação do Evangelho, colocou todas as suas potencialidades a serviço de Deus. Um homem totalmente entregue às coisas do Senhor. De perseguidor de cristãos, tornou-se um dos cristãos mais fervorosos, homem inflamado de zelo apostólico. Como não identificar, por detrás dessas frases, um homem magnânimo e cheio do amor de Deus?

“Estou pregado à cruz de Cristo” (Gl 2,19). “Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim. A minha vida presente, na carne, eu a vivo na fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim” (Gl 2,20). “Quanto a mim, não pretendo, jamais, gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pelo qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo” (Gl 6,14).

Nos exorta: “não persistais em viver como os pagãos, que andam à mercê de suas ideias frívolas. Têm o entendimento obscurecido. Sua ignorância e o endurecimento de seu coração mantêm-nos afastados da vida de Deus. Indolentes, entregaram-se à dissolução, à prática apaixonada de toda espécie de impureza” (Ef 17-19). “Contanto que de todas as maneiras, por pretexto ou por verdade, Cristo seja anunciado, nisto não só me alegro, mas sempre me alegrarei” (Fl 1,18). Em Cristo “estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência” (Cl 2,3). “Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé” (2 Tim 4,7).

É preciso que também nós sejamos apóstolos enamorados, apaixonados por Deus e que façamos o nosso apostolado sempre em unidade com o Papa, sucessor de Pedro, e com todos os bispos em comunhão com ele.

Digamos, como um homem de Deus do século XX, São Josemaria Escrivá: “Venero, com todas as minhas forças, Roma de Pedro e de Paulo, banhada pelo sangue dos mártires, centro de onde saíram tantos para propagar, no mundo inteiro, a Palavra salvadora de Cristo. Ser romano não entranha nenhuma amostra de particularismo, mas de ecumenismo autêntico; supõe o desejo de aumentar o coração, de abri-lo a todos com as ânsias redentoras de Cristo, que busca e acolhe a todos, porque os amou por primeiro. (…)

DIA A DIA NO DESERTO | SEU DESERTO INTERIOR

TRABALHO INTELECTUAL - Síntese Bibliográfica
Corrigido e adaptado pelo Ir. José Crucificado de Jesus Hóstia - EREMITA
Documento Original: Vivendo Nazaré

DIA DE DESERTO

O termo “deserto” vem da espiritualidade do irmão Carlos e é um tema clássico na história da espiritualidade cristã. O dia de deserto se entende como “dia de solidão”. O membro da fraternidade procura passar um dia de ao menos seis horas, cada mês, completamente à parte de tudo, a sós com o Senhor, de preferência sem nenhum material de leitura ou outras ajudas espirituais.

É de grande utilidade começar na noite anterior e passar o dia seguinte em solidão. Os que são fiéis à prática do dia de deserto, descobrem o imenso benefício que ele traz para sua vida cristã e ministerial. A oração do dia consiste na entrega do nosso tempo a Deus, reconhecendo-o como o Absoluto de nossa vida.

O deserto é um intenso espojamento em vista do essencial, juntamente com um forte sentido da presença de Deus e sua adoração. É uma experiência de esvaziamento de nós mesmos e experiência de que só Deus é o Absoluto de uma vida. Suspendendo nossas atividades, experimentamos a própria pobreza e a total dependência do Senhor. Experimentamos nossa fragilidade, nossa situação de criaturas.

O deserto é frequentemente um lugar de tentação. Alguns irmãos são tomados de melancolia, de desolação interior, de aridez. É então que sentimos a aguda necessidade do Espírito Santo para perseverarmos com coragem, apesar da nossa fraqueza, e permanecermos fiéis.

Humanamente falando, a maior tentação pode ser a procura de resultados imediatos do dia de deserto. O deserto não é primeiramente um lugar físico. No entanto, quanto mais simples e sem distrações o ambiente, mais favoráveis às condições para um dia proveitoso.

Isso é importante como é importante entrar no dia com o espírito aberto e generoso. Alguns procuram um sítio, outros vão a uma praia deserta ou fazem longas caminhadas. Outros simplesmente ficam num quarto vazio onde passam o dia. Nossa revisão de vida (ou nossa confissão) é preparada em oração no dia de deserto, refletindo e interpretando na fé a atual compreensão de nossa vida espiritual.

Leia o artigo do D. Edson Damian sobre o deserto: DESERTO: LUGAR DO ENCONTRO COM DEUS Vale a pena!

Faça pelo menos seis horas de deserto de vez em quando, quando você puder. Nos primeiros, leve uma bíblia para ajudar as suas reflexões.

Levante-se, tome o café da manhã e já prepare um lanche ou o que você vai comer no almoço, para não atrapalhar suas meditações. Se for a algum lugar deserto, leve o lanche. Rumine sua vida, seu relacionamento com Deus, com você mesmo (a) e com os irmãos. No deserto tiramos as nossas máscaras e nos vemos "nus" diante de nós mesmos!

Na volta, agradeça a Deus e, se possível, vá a alguma missa.



MOMENTOS DE DESERTO

(Setembro 2016)

As fraternidades Jesus-Cáritas, baseadas no carisma do Beato Carlos de Foucauld, têm, em seu diretório, a orientação para que todos os seus membros façam um dia mensal de deserto.

Eu, pessoalmente, sempre tive uma dificuldade imensa de fazer o dia todo de deserto e, sinceramente, não acho tão relevante que seja o dia todo. Prefiro fazer, mais vezes, momentos de deserto, com duração de uma ou duas horas, ou mesmo a metade de um dia. Acho mais produtivo!

Quanto a fazer o dia todo, das 8 às 16 hs, por exemplo, poderia ser feito nos dias de retiro e de assembleia das fraternidades e um dia por semana no mês de Nazaré.

Será que os membros das fraternidades fazem um dia de deserto mensalmente, como reza a regra? E, se há dificuldade, por que não fazê-lo em menos tempo, mas fazê-lo?

Minhas ações, atualmente, são muito limitadas, mas procuro fazer pelo menos a manhã de deserto aos sábados, e isso tem-me ajudado muito, nos últimos treze anos. Eu emendo o momento de deserto com a Hora Santa.

Não consigo me isolar do barulho de onde moro, nem ficar sozinho, mas o próprio Jesus teve que se acostumar a isolar-se mesmo no meio de muitas pessoas e confusão, como lemos em Lucas 9,18: “Estando Jesus orando A SÓS, no MEIO dos discípulos...” Ou seja, ele se isolou apenas mentalmente, mas continuou materialmente no meio da multidão.

Acredito que seja uma solução para os que não encontram um dia todo para isolar-se no dia de deserto, principalmente porque os momentos de deserto podem ser feitos mais amiúde.

sábado, 29 de junho de 2019

SOLENIDADE DO IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA

Em Fátima, a Virgem Maria ensinou aos três pastorinhos a devoção ao seu Imaculado Coração
A revelação da devoção reparadora ao Imaculado Coração começou na segunda aparição da Santíssima Virgem Maria, em 13 de junho de 1917, em Fátima, Portugal, aos pastorinhos: Lúcia, Francisco e Jacinta. A Virgem Maria disse à pequena Lúcia, a mais velha dos três pastorinhos: “Ele [Jesus] quer estabelecer no mundo a devoção do meu Imaculado Coração”1. Logo após ouvir essas palavras, os pastorinhos viram Nossa Senhora com um coração na mão, cercado de espinhos. As três crianças compreenderam que aquele era o Coração Imaculado da Santíssima Virgem, ofendido pelos pecados da humanidade, que necessitavam de reparação.


Conheça a origem da devoção ao Imaculado Coração de Maria
Na aparição seguinte, no dia 13 de julho, Nossa Senhora concedeu às três crianças uma experiência extraordinária! Elas viram, no inferno, os demônios e as almas dos condenados, que gritavam e gemiam de dor e desespero. Depois de dar-lhes essa visão assustadora, disse aos pastorinhos: “Vistes o inferno, para onde vão as almas dos pobres pecadores; para as salvar, Deus quer estabelecer no mundo a devoção a Meu Imaculado Coração”2. No entanto, a Virgem não revelou como deveríamos fazer essa reparação, mas disse que voltaria para pedir essa devoção reparadora.
Sete anos depois, no dia 10 de dezembro de 1925, em Pontevedra, na Espanha, a Santíssima Virgem revelou à então postulante Lúcia a devoção reparadora dos cinco primeiros sábados. Entretanto, somente dois anos mais tarde, em dezembro de 1927, por ordem de seu confessor, Lúcia deu a conhecer as palavras de Nossa Senhora: “Olha, minha filha, o Meu Coração cercado de espinhos, que os homens ingratos a todos os momentos Me cravam com blasfêmias e ingratidões. Tu, ao menos, vê de Me consolar, e dize que todos aqueles que, durante cinco meses, no primeiro sábado, confessarem-se, recebendo a Sagrada Comunhão, rezarem um Terço, e Me fizerem quinze minutos de companhia, meditando nos quinze mistérios do Rosário, com o fim de me desagravar, Eu prometo assistir-lhes, na hora da morte com todas as graças necessárias para a salvação dessas almas”3.

Origem da devoção ao Imaculado Coração de Maria

A memória litúrgica do Imaculado Coração de Maria é comemorada no sábado seguinte à solenidade do Sagrado Coração de Jesus, celebrada na segunda sexta-feira depois da solenidade de Corpus Christi. No entanto, a devoção ao Imaculado Coração de Maria remonta aos inícios da Igreja, pois tem suas raízes mais profundas nas Sagradas Escrituras. Nelas, encontramos referências ao Imaculado Coração no Evangelho segundo São Lucas, o “pintor” da Santíssima Virgem: “Maria conservava todas estas palavras, meditando-as no seu coração” (Lc 2,19). “Em seguida, desceu com eles a Nazaré e lhes era submisso. Sua mãe guardava todas estas coisas no seu coração” (Lc 2,51).
A semente do Evangelho, plantada pelos apóstolos e discípulos de Jesus Cristo, germinou na doutrina dos Santos Padres e desenvolveu-se com os teólogos e místicos da Idade Média. Nos séculos seguintes, surgiram outros grandes devotos do Imaculado Coração de Maria, bem como do Coração de Jesus, como São Bernardo, Santa Gertrudes, Santa Brígida, São Bernardino de Sena e São João Eudes. Este último foi o maior apóstolo da devoção ao Coração de Maria. Em 1648, o Padre João Eudes obteve do Bispo de Autun, na França, a aprovação da celebração da festa.
Leia mais:::A importância do quadro de Nossa Senhora Auxiliadora
::As graças obtidas ao rezar o Ofício da Imaculada Conceição
::O nome de Maria é doce e suave aos seus devotos
::Confira três alegrias da Assunção da Virgem Maria
A Santa Sé mostrou-se favorável ao culto ao Imaculado Coração no início do século XIX. Em 1805, o Papa Pio VII concedeu a autorização para a celebração da festa às dioceses e às congregações religiosas que lhe pediam. No ano de 1855, o Papa Pio IX aprovou a Missa e o Ofício próprios do Imaculado Coração de Maria. Durante a Segunda Guerra Mundial, em 8 de dezembro de 1942, na Solenidade da Imaculada Conceição, o Papa Pio XII consagrou a Igreja e todo o gênero humano ao Coração Imaculado de Maria e, três anos depois, estendeu a festa do Imaculado Coração de Maria para toda a Igreja Católica.
A partir das aparições de Nossa Senhora, em Fátima, a devoção ao Imaculado Coração de Maria ganha ainda mais força, especialmente na devoção particular dos fiéis, como aconteceu com a devoção ao Sagrado Coração de Jesus. A esse respeito, escreveu o Cardeal Patriarca de Lisboa, Dom Manuel Gonçalves Cerejeira: “A missão especial de Fátima é a difusão no mundo do culto ao Imaculado Coração de Maria. À medida que a perspectiva do tempo nos permitir julgar melhor os acontecimentos de que fomos testemunhas, estou certo que melhor se verá que Fátima será, para o culto do Coração de Maria, o que Paray-le-Monial foi para o Coração o de Jesus4″.

A consagração dos sábados e a devoção ao Imaculado Coração de Maria

A consagração dos sábados a Virgem Maria não é nenhuma novidade na Igreja. Todavia, o pedido dessa devoção por Nossa Senhora foi uma magnífica confirmação dos Céus de uma antiga piedade mariana. O sábado, como dia especialmente consagrado a Virgem Maria, é uma tradição que tem sua origem muito provavelmente nos primeiros séculos da Igreja. “A presença da Missa de Nossa Senhora nos Sábados, no missal romano de São Pio V, de 1570, mostra a antiguidade dessa prática, que consiste em honrar especialmente a Santa Mãe de Deus nesse dia da semana”5.
Apoiados nesta bela e piedosa tradição da Igreja, os membros das confrarias do Rosário consagravam especialmente a Santíssima Virgem quinze sábados consecutivos de cada ano litúrgico. Durante esses sábados, “eles se aproximavam dos sacramentos e cumpriam exercícios de piedade particulares em honra dos quinze mistérios do santo rosário. Em 1889, o Papa Leão XIII concedeu a todos os fiéis uma indulgência plenária a ser ganha durante um desses quinze sábados”6. Entretanto, foi com o grande Papa São Pio X que a devoção dos primeiros sábados foi aprovada e encorajada pela Santa Sé que, em 10 de julho de 1905, indulgenciou, pela primeira vez, essa devoção mariana. Em 13 de junho de 1912, São Pio X concedeu “indulgência plenária, aplicável às almas dos defuntos, no primeiro sábado de cada mês, por todos aqueles que, nesse dia, se confessarem, comungarem, cumprirem exercícios particulares de devoção em honra da bem-aventurada Virgem Maria, em espírito de reparação”7.
Por desígnio da Divina Providência, cinco anos depois, na mesma data, aconteceu a “segunda aparição de Nossa Senhora em Fátima, durante a qual os três pastorinhos testemunharam a primeira grande manifestação do Imaculado Coração da Virgem Maria, vendo-o ‘cercado de espinhos que pareciam enterrados nele. Compreendemos que era o Imaculado Coração de Maria ultrajado pelos pecados da humanidade que queria reparação’”8. Os termos usados pelo Papa São Pio X são quase exatamente os mesmos do pedido de Nossa Senhora a Irmã Lúcia, principalmente no que diz respeito “à extrema importância da intenção reparadora, única capaz de afastar e apaziguar a cólera de Deus”9.
Depois de conhecer um pouco mais a história da Igreja, percebemos que, em Fátima e em Pontevedra, a Virgem Maria não é inovadora, mas nos deu uma confirmação do Céu e um novo impulso à devoção dos primeiros sábados, unindo-a com a devoção ao seu Imaculado Coração.

Por que cinco sábados em reparação ao Imaculado Coração?

Em 1930, padre José Bernardo Gonçalves, então confessor da Irmã Lúcia, intrigado com a devoção dos cinco primeiros sábados em reparação ao Imaculado Coração de Maria, perguntou à Irmã: “Por que hão de ser ‘cinco sábados’ e não nove ou sete em honra das dores de Nossa Senhora?”10 Mas Lúcia não soube responder a pergunta do confessor.
Irmã Lúcia não sabia o que fazer ou dizer, até que, durante uma de suas orações, na noite do dia 29 para 30 de maio de 1930, nosso Senhor Jesus Cristo revelou a ela a razão da devoção dos cinco primeiros sábados: “Minha filha, o motivo é simples: são cinco as espécies de ofensas e blasfêmias contra o Imaculado Coração de Maria:
1 – As blasfêmias contra a Imaculada Conceição;
2 – Contra a Sua virgindade;
3 – Contra a Maternidade Divina, recusando, ao mesmo tempo, recebê-La como Mãe dos homens;
4 – Os que procuram publicamente infundir, nos corações das crianças, a indiferença, o desprezo e até o ódio para com esta Imaculada Mãe;
5 – Os que a ultrajam diretamente nas suas sagradas imagens.
Eis, minha filha, o motivo pelo qual o Imaculado Coração de Maria Me levou a pedir essa pequena reparação; e, em atenção a ela, mover a minha misericórdia ao perdão para com essas almas que tiveram a desgraça de a ofender”11.
A primeira ofensa é a negação do dogma da Imaculada Conceição, promulgado pelo Papa Pio IX em 8 de dezembro de 1854.
A segunda, a negação da Doutrina Católica a respeito da virgindade perpétua de Nossa Senhora. São opositores dessa verdade as pessoas que negam que a concepção e o parto de Jesus não foram virginais, e que a Mãe de Deus não conservou a virgindade depois do parto, bem como aquelas que dizem que a Santíssima Virgem teve mais filhos além de Jesus.
A terceira, a negação da maternidade divina e espiritual da Virgem Maria, declarada no III Concílio de Constantinopla, no ano de 680. Nossa Senhora é Mãe de Deus e, ao mesmo tempo, Mãe espiritual dos homens, pela sua participação no mistério da Redenção de toda a humanidade.
A quarta, é o ódio para com a Santíssima Virgem Maria colocado, à força de falsas doutrinas, injúrias e blasfêmias, no coração das crianças. Desde o século passado, “a ideologia marxista-comunista procurou eliminar todos os vestígios de religião, a começar pelas crianças. […] Ensinava-se às crianças o racionalismo puro e, além disso, em certa nação, os pequeninos aprendiam ‘ladainhas’ de injúrias contra a Mãe de Deus”12.
A quinta, é o desrespeito para com as sagradas imagens de Nossa Senhora. Como outrora, não é raro, em nossos dias, o ultraje, o sacrilégio, o vandalismo, a destruição das imagens da Virgem Maria, principalmente quando estão expostas em locais públicos. Além disso, as pessoas que tiram as suas imagens das igrejas e capelas, ou as reduzem ao mínimo, ofendem também o Coração Imaculado da Santíssima Virgem e contrariam o que foi dito no Concílio Vaticano II a respeito das imagens sacras: “Observem religiosamente aquelas coisas que nos tempos passados foram decretadas acerca do culto das imagens de Cristo, da Bem-aventura Virgem e dos Santos13, ou seja, devemos zelar pela tradicional e salutar devoção às sagradas imagens.

Como praticar a devoção dos cinco primeiros sábados:

A própria Virgem Maria nos ensinou a praticar a devoção reparadora das ofensas ao seu Imaculado Coração. Para praticar perfeitamente essa devoção, devemos – durante cinco primeiros sábados de cinco meses seguidos, na intenção geral de reparar nossos próprios pecados e os de toda a humanidade contra o Coração Imaculado de Maria – realizar quatro atos de piedade:
1 – A Confissão: devemos confessar preferencialmente no primeiro sábado. Caso seja impossível, ou muito difícil, podemos confessar com até oito dias ou mais de antecedência. Todavia, recordamos que é necessário estar em estado de graça no primeiro sábado do mês, a fim de fazer comunhão reparadora. Na confissão, é indispensável a intenção de reparar as ofensas contra o Imaculado Coração de Maria. Essa intenção reparadora não precisa ser dita ao confessor, mas apenas colocada mentalmente diante de Deus antes da confissão. Jesus Cristo disse à Irmã Lúcia que, se esquecermos da intenção reparadora, podemos colocar essa intenção na confissão seguinte, aproveitando a primeira ocasião que tivermos para nos confessar;
2 – O Terço: a tradicional oração do Terço mariano também faz parte da devoção dos cinco primeiros sábados, que deve ser rezado na intenção da reparação do Imaculado Coração da Santíssima Virgem;
3 – Os 15 minutos de meditação dos mistérios do Rosário: Nossa Senhora pediu que fizéssemos companhia a ela durante pelo menos 15 minutos, meditando sobre os 15 mistérios do Rosário14, na intenção da reparação ao seu Imaculado Coração. Essa meditação não precisa ser de todos os 15 ou 20 mistérios do Rosário. Podemos meditar apenas um, dois, três ou mais mistérios, conforme a nossa escolha. Outra opção é a meditação dos mistérios do Rosário conforme o tempo litúrgico. Por exemplo: no tempo do Advento, podemos meditar os mistérios Gozosos; no tempo da Quaresma, os Mistérios Dolorosos; no Tempo Pascal, os Mistérios Gloriosos; no Tempo Comum, podemos meditar aqueles mistérios que mais dizem respeito à Liturgia do dia ou do domingo;
4 – A comunhão: é um ato essencial da devoção reparadora ao Imaculado Coração de Maria. Para compreender bem a sua importância, lembremos que a devoção da comunhão das nove primeiras sextas-feiras tem como intenção a reparação das ofensas contra o Sagrado Coração de Jesus. Recordemos também que a comunhão milagrosa, dada aos três pastorinhos de Fátima pelo Anjo da Guarda de Portugal, no outono de 1916, teve um caráter eminentemente reparador. Essa intenção evidencia-se na oração ensinada pelo Anjo da Paz, repetida seis vezes, três vezes antes e três vezes depois da comunhão:
Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, eu vos adoro profundamente e vos ofereço o preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os sacrários da Terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido; e pelos méritos infinitos de seu Sacratíssimo Coração e do Imaculado Coração de Maria, peço-vos a conversão dos pobres pecadores15.
Como nos casos acima, a intenção reparadora na devoção dos cinco primeiros sábados é muito importante, porque as ofensas contra o Imaculado Coração de Maria também ofendem gravemente o Sacratíssimo Coração de Jesus. Essa devoção reparadora, como um todo, pode ser também feita no domingo seguinte ao primeiro sábado, desde que seja por motivos justos e autorizado por um padre.

O poder e a eficácia sobrenaturais da devoção ao Imaculado Coração de Maria

Assim, a devoção ao Imaculado Coração, praticada nos primeiros sábados em reparação das ofensas cometidas contra a Virgem Maria, foi-nos revelada para salvação de muitas almas do inferno. Pois, cada vez mais, em nosso tempo, multiplicam-se os ataques contra a dignidade, os privilégios, as honras devidas a Nossa Senhora. Além disso, há uma diminuição considerável do culto mariano em quase toda a Igreja, em consequência principalmente dos erros espalhados pelo comunismo no mundo todo.
Sendo este o estado das coisas em nossos dias, a impiedade de muitos para com a Santíssima Virgem é ainda pior do que outrora. Por isso, certamente é mais do que essencial a intenção reparadora de nossa prática da devoção dos cinco primeiros sábados. Reparemos as ofensas cometidas contra o Imaculado Coração de Maria, tão ultrajado pela ingratidão dos homens, através da devoção que ela mesma nos indicou.


Imaculado Coração de Maria, rogai por nós!Na carta a Dom Manuel Maria Ferreira da Silva, Arcebispo titular de Gurza, escrita em 27 de maio de 1943, Irmã Lúcia nos ajuda a compreender o poder e a eficácia sobrenaturais da devoção ao Imaculado Coração de Maria: “’Os Santíssimos corações de Jesus e Maria amam e desejam este culto [para com o Coração de Maria], porque dele se servem para atrair todas as almas a eles, e isso é tudo o que desejam: salvar as almas, muitas almas, todas as almas’. Nosso Senhor me dizia há alguns dias: ‘Desejo ardentemente a propagação do culto e da devoção ao Coração de Maria, porque este Coração é o ímã que atrai as almas para mim, a fornalha que irradia na terra os raios de minha luz e de meu amor, fonte inesgotável de onde brota na terra a água viva de minha misericórdia‘”16. Com a certeza desta eficácia sobrenatural, peçamos a Mãe de Deus, com insistência e perseverança, as boas disposições de nossa alma para bem praticar a devoção dos cinco primeiros sábados.

sexta-feira, 28 de junho de 2019

SOLENIDADE DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS



+Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 19, 31-37)
Era o dia da preparação para a Páscoa. Os judeus queriam evitar que os corpos ficassem na cruz durante o sábado, porque aquele sábado era dia de festa solene. Então pediram a Pilatos que mandasse quebrar as pernas aos crucificados e os tirasse da cruz.
Os soldados foram e quebraram as pernas de um e, depois, do outro que foram crucificados com Jesus. Ao se aproximarem de Jesus, e vendo que já estava morto, não lhe quebraram as pernas; mas um soldado abriu-lhe o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água.
Aquele que viu, dá testemunho e seu testemunho é verdadeiro; e ele sabe que fala a verdade, para que vós também acrediteis. Isso aconteceu para que se cumprisse a Escritura, que diz: “Não quebrarão nenhum dos seus ossos”. E outra Escritura ainda diz: “Olharão para aquele que transpassaram”.

domingo, 23 de junho de 2019

SOLENIDADE DA NATIVIDADE DE SÃO JOÃO BATISTA

+ Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 1, 57-66.80)
Completou-se o tempo da gravidez de Isabel, e ela deu à luz um filho. Os vizinhos e parentes ouviram dizer como o Senhor tinha sido misericordioso para com Isabel, e alegraram-se com ela. No oitavo dia, foram circuncidar o menino, e queriam dar-lhe o nome de seu pai, Zacarias. A mãe, porém, disse: “Não! Ele vai chamar-se João”.
Os outros disseram: “Não existe nenhum parente teu com esse nome!” Então fizeram sinais ao pai, perguntando como ele queria que o menino se chamasse. Zacarias pediu uma tabuinha, e escreveu: “João é o seu nome”. E todos ficaram admirados. No mesmo instante, a boca de Zacarias se abriu, sua língua se soltou, e ele começou a louvar a Deus. Todos os vizinhos ficaram com medo, e a notícia espalhou-se por toda a região montanhosa da Judeia. E todos os que ouviam a notícia, ficavam pensando: “O que virá a ser este menino?” De fato, a mão do Senhor estava com ele. E o menino crescia e se fortalecia em espírito. Ele vivia nos lugares desertos, até o dia em que se apresentou publicamente a Israel.

Meditação. — A liturgia da Igreja não tem o costume de celebrar a data de nascimento dos santos. Na verdade, ela considera o dia da morte como o verdadeiro dies natalis, por assim dizer, porque é neste dia que as almas santas “nascem para o Céu”. O nascimento para este mundo, tão cheio de pecados e misérias, pode ser celebrado apenas como um louvor ao dom da vida, claro, e ícone de uma esperança maior que virá com a redenção final, na eternidade.


Apenas três nascimentos são celebrados pela Igreja. Primeiro, o nascimento de Jesus, a 25 de dezembro, que, com sua Encarnação, assumiu a natureza humana para redimi-la de toda impureza e uni-la à vida divina. Depois, o nascimento da Virgem Maria, a 8 de setembro, cuja alma foi livre de toda mancha do pecado original desde a concepção. E, finalmente, o nascimento de São João Batista, que, embora não tenha sido imaculado como o foi Nossa Senhora, teve, porém, o coração purificado já no ventre de Santa Isabel, logo após a saudação de Maria, quando “a criança estremeceu no seu seio e Isabel ficou cheia do Espírito Santo” (Lc 1, 41).

O que une esses três nascimentos é exatamente a redenção de Cristo. Celebrar a natividade de São João Batista é celebrar, pois, o derramamento da graça de Deus sobre nossos corações.João significa “agraciado de Deus”. Na solenidade deste dia, a Igreja recorda que fomos feitos para o Céu, porque, como canta o hino do Sábado Santo, Exsultet, “de nada adiantaria termos nascido se não tivéssemos sido redimidos”. Esta vida seria uma completa desgraça se Jesus não houvesse se encarnado para nos alcançar os méritos da nossa salvação.

Deus pensou em nossa existência e providenciou a nossa felicidade eterna. As palavras que lemos na primeira leitura da Missa de hoje se aplicam tanto a São João Batista como a todo o gênero humano. “O Senhor chamou-me antes de eu nascer, desde o ventre de minha mãe, Ele tinha na mente o meu nome”, diz o profeta Isaías (49, 1). De fato, nenhum ser humano é um acidente, mas uma realidade inteiramente desejada e sustentada por Deus. Ele tem um projeto para cada um de nós e conta com a nossa correspondência para que sejamos, já aqui na terra, uma família divina.

A felicidade humana depende dessa resposta ao projeto de Deus. Peçamos então a São João Batista que, assim como ele preparou os caminhos do Senhor, nós também saibamos preparar a nossa alma para a vinda do Divino Esposo.

Oração. — Senhor Jesus, de cuja Encarnação recebemos os méritos para uma vida de graça, pedimos-vos hoje, pela intercessão da Virgem Santíssima e de São João Batista, que santifiqueis as nossas almas com uma ardente piedade e total horror ao pecado. Não deixeis que nossas paixões dominem sobre nós, mas, antes, fortalecei a nossa inteligência e vontade para que elas, mortificadas pela vossa paixão, estejam em plena comunhão com o projeto do Pai. Assim seja!

Propósito. — Meditar alguns minutos sobre a vida de São João Batista e o sentido da nossa vocação cristã.

EREMITA: COMO VIVEM ?

TRABALHO INTELECTUAL - Síntese Bibliográfica
Corrigido e adaptado pelo Ir. José Crucificado de Jesus Hóstia - EREMITA

Documento Original: Vivendo Nazaré


O DESERTO 


O (a) eremita é chamado (a) a viver na solidão, mas sem abandonar a comunidade. “Homem algum é uma ilha”, diz Thomas Merton, monge americano, num de seus livros. Querer isolar-se para não enfrentar os problemas atinentes à vida de sociedade é fuga e não vocação ao eremitismo.

O Espírito Santo fecunda a Igreja com seus dons e carismas e já nos primeiros séculos de nossa era cristã suscitou homens e mulheres para seguirem a Jesus de Nazaré no deserto “profundo” da solidão, do silêncio, da oração e da contemplação, numa vida austera e penitente, imitando Jesus em seus 40 dias de deserto antes de começar sua vida pública (decreto da Diocese de Terragona, Espanha).

O Espírito Santo continua chamando pessoas para esse tipo de vida: “com a qual os fiéis, por uma separação mais rígida do mundo, pelo silêncio da solidão, pela assídua oração e penitência, consagram a vida ao louvor de Deus e à salvação do mundo”(Catecismo da Igreja Católica, cânone 603).

Os que estão dispostos (as) a viver esse tipo de vida devem comprometer-se seriamente a viver uma vida cristã e consagrada, de oração contemplativa, de silêncio, solidão, austeridade, pobreza, castidade, e de estar sempre disponível a Deus e à Igreja.

O coração do (a) eremita, fortalecido pelo Espírito Santo e apaixonado por Jesus, deve conservar-se fraterno, solidário e acolhedor.

O deserto, ou seja, essa vida de silêncio e de contemplação, deve levar o(a) eremita a escutar a Palavra, esteja onde estiver (isolado ou na cidade). Se estiver na cidade, deve transformá-la no deserto, por meio de suas renúncias.

Para garantir a autenticidade de sua vida, o(a) eremita deve ter estabilidade, ou seja, não ficar mudando seu domicílio a toda hora. Uma vez estabelecido o local onde irá morar, só se mudará se entrar de acordo com o Sr. Bispo da diocese.


A VIDA DO(A) EREMITA

A intimidade pessoal com Cristo e a união com Deus, segundo o Catecismo da Igreja Católica (nº 663), dão-se por meio da contemplação das coisas divinas pela oração assídua e deve ser o primeiro e principal dever de todos os religiosos e, por extensão, dos(as) eremitas. Mais do que dedicar um tempo para a oração diária, o(a) eremita deve CONVERTER TODO O DIA EM ORAÇÃO (Decreto de Terragona).

A presença ininterrupta de Jesus na vida do(a) eremita se torna mais fácil com a comunhão diária e a celebração litúrgica da Palavra, feita sem pressa, numa hora mais adequada. Essa celebração pode constar da liturgia diária, da Liturgia das Horas, da Lectio Divina (leitura orante da bíblia), da leitura de um texto que ajude o aprofundamento na contemplação e de outros meios.

Lembre-se o(a) eremita que nesses momentos de oração está ligado a toda a Igreja orante. Não está sozinho(a).

Sua regra pessoal de vida deve marcar os limites de sua vida na solidão com seu relacionamento social. Deve viver uma vida de silêncio para ouvir Deus lhe falando ao coração, como Maria tão bem o soube fazer. Seus relacionamentos sociais, humanos, familiares, devem ser marcados pela fraternidade, cordialidade, sensatez, caridade evangélica, humildade, misericórdia. Deve controlar seu contato com os meios de comunicação social, incluindo correspondência, telefone, viagens, saídas do eremitério, internet, procurando saber apenas o necessário para poder rezar pelas diversas intenções que seu coração lhe sugerir, evitando que esses contatos lhe quebrem a vida de silêncio e de contemplação.

Quanto a participar ou não de alguma pastoral da Igreja, eu discordo um pouco com as orientações da diocese de Terragona, que proíbe ao (à) eremita “qualquer tipo de atividade catequética” ou “social organizada, coisas que, mesmo bem que sejam boas, correspondem a outros carismas na Igreja”. Acredito que deva, sim, participar de algum grupo da comunidade, que não lhe tome muito tempo. Isso o (a) ajudará muito na compreensão da espiritualidade cristã e no relacionamento com os irmãos, evitando que sua solidão se torne algo doentio.

Deve evitar ficar recebendo pessoas em seu eremitério. Isso pode dissipar muito sua vida de oração e de silêncio. Consiga um modo de ajudar as pessoas sem que elas estejam a todo o momento em sua casa.

O (a) eremita diocesano, ligado (a) ao bispo, deve comunicar-lhe a ausência por mais de 15 dias do eremitério. Os (as) eremitas autônomos não precisam dessa autorização, mas devem organizar essas saídas de tal modo que não desviem seu propósito de viverem uma vida de solidão, oração e trabalho.

Quanto à penitência, diz o Catecismo Católico da Igreja no cânone 1249: “Todos os fieis, cada qual a seu modo, estão obrigados por lei divina a fazer penitência”. E no cânone 1250 especifica que os dias de penitência são todas as sextas-feiras e o tempo da quaresma. O(a) eremita deve ter em mente que para ele (ela), a penitência é a marca fundamental de sua vida e deve ser praticada com maior frequência e amor.

O decreto de Terragona especifica esses itens de penitência, que leva o(a) eremita a uma conversão do coração, a uma austeridade de pobre, a uma confiança total no Pai celestial que cuida das flores do campo e dos pássaros do bosque, e a uma plena liberdade dos filhos de Deus:

-estilo de vida pobre em tudo, sem seguranças temporais. Apenas os gastos mínimos e indispensáveis.
-sem comodidades
-sem companhia
-ligada sempre ao trabalho: “reze e trabalhe – ora et labora” para ganhar o pão de cada dia.

Para concretizar tudo isso, o(a) eremita fará um horário pessoal dando prioridade ao espaço para a oração, às horas obrigadas de trabalho e ao tempo de descanso necessário, assim como às possíveis ou necessárias saídas. Em tudo, lembrar-se sempre de evitar o ócio.

Esse horário deve adaptar-se às particularidades das épocas do ano. Nos tempos próprios, priorizar a penitência.

O(a) eremita deve conseguir um(a) diretor(a) espiritual que o(a) auxilie na caminhada. Sobretudo, esse(a) diretor(a) espiritual deve orientá-lo(a) para que não se desvie num tipo de “romantismo” da vida eremítica, ou seja, que não faça tudo apenas por aparência, mas sua vida de eremita seja autêntica e esteja, realmente, num caminho de santidade.

Esse(a) diretor(a) espiritual deve discernir se o(a) eremita não está buscando esse tipo de vida por motivos falsos, como fuga de problemas pessoais, ou timidez, ou complexos ou coisas desse tipo que vão tornar sua vida um “pseudo-eremitismo” (parece que é vida eremítica mas não é).


Formação constante

Todo(a) eremita deve estudar a doutrina da Igreja, a Bíblia, a história da vida eremítica, ler leituras espirituais, mas não exagerar em nenhuma delas: tudo deve se adequar ao conjunto de sua vida, na dose certa. Para isso é que é necessário um (a) diretor(a) espiritual. A formação deve ser permanente e sem desânimo. Procure entrar em contato com outros(as) eremitas, mesmo que seja por e-mail, para ver como vivem.

sexta-feira, 21 de junho de 2019

EREMITISMO URBANO | ERMO OU CIDADE ?





TRABALHO INTELECTUAL - Síntese Bibliográfica
Corrigido e adaptado pelo Ir. José Crucificado de Jesus Hóstia - EREMITA
Documento Original: Vittorio Messori
Tradução e complementos: Ir. Gema da Misericórdia Divina 



OS EREMITAS DE HOJE VIVEM NA CIDADE

Seu número cresce a cada dia. Passam sua vida em oração, não temem a pobreza e rejeitam qualquer hierarquia. Sua força está em contrariar o espírito atual. A Igreja decidiu reintegrar os eremitas no Direito Canônico (sejam urbanos ou rurais).  Esses eremitas não querem ser notícia, buscam o silêncio e a discrição. Sua porta ficará sempre fechada para quem se aproxime dele como jornalista ou simplesmente um curioso. Tenho o privilégio de conhecer alguns pessoalmente, porém não teria acesso algum a seus esconderijos se violasse a promessa de não dar nomes nem endereços. De toda forma se alguém quer buscar seu rastro que não busque em lugares íngremes: é muito mais provável que os encontre nos quartinhos, ou quitinetes dos centros metropolitanos. Esses eremitas estão retornando pela porta grande e seu número cresce a cada ano, ainda que poucos o sabem, como é óbvio, dado seu empenho em passar despercebidos.

A Igreja porém sim, sabe de sua existência. E decidiu voltar a dar um lugar dentro de sua estrutura. Pois o Código de Direito Canônico de 1917 os havia ignorado, não por hostilidade, senão porque parecia que formavam parte de página do Cristianismo, longa e gloriosa, porém definitivamente encerrada.        
  Uma página que se iniciou quando no Oriente milhões de crentes fugiram no deserto ou nas montanhas: grutas e ou cabanas se encheram de solitários que lutavam tanto contra leões e serpentes como contra os demônios tentadores. A fama de seus jejuns, das penitências, do silêncio ininterrupto provocava a afluência de discípulos, e com freqüência o solitário se via obrigado a acolhe-los, criando – as vezes contra a sua vontade- uma comunidade a dar uma regra. Também foi este o destino de quem no Ocidente ia a ser a origem da forma de monacato que marcaria os séculos seguintes beneficamente. São Bento de Núrsia começou como eremita, porém sua mesma fama  de santidade lhe tirou da gruta e lhe forçou a transformar-se em mestre e legislador de cenóbios.

  A Idade Média se encheu de eremitas, muitos dos quais encontravam seu sustento guardando cemitérios, pontes ou santuários. O declínio começou com o Concílio de Trento, que desconfiou dos anacoretas porque eram incontroláveis, e concluiu no Século das Luzes e da Revolução Francesa que perseguiu estes “parasitas anti- sociais” aos que também consideravam “fanáticos obscurantistas”. No século XIX o eremita ficará condenado a ser quase um personagem de novela romântica, ao estilo do Conde de Monte Cristo. Dentro da Igreja, a vocação a solidão havia ficado canalizada desde há muito tempo através de Ordens religiosas como as dos Cartuxos ou dos Camaldulenses, e nas que o isolamento é unido com a comunhão com os irmãos, na oração e nos atos comunitários.

                                                                                                      
Se dizia que o silêncio do Código eclesiástico de 1917 era significativo : já não ficam anacoretas, fora de suas regras. E em troca, esta vocação, -rara, porém insuprimível- desde logo não havia desaparecido, senão que se incubava debaixo das cinzas, de modo que o novo Código publicado em 1983 há tido que levantar uma ata, O segundo parágrafo do cânon 603, a Igreja reconhece oficialmente aos eremitas como “consagrados” se “mediante voto ou outro vínculo sagrado, professam publicamente os três conselhos evangélicos (pobreza, castidade, obediência) nas mãos do Bispo diocesano”, e se o mesmo Ordinário do lugar os aprova uma regra que eles mesmos escreveram. Uma regra equilibrada, com requisitos mínimos, porém tal como é obrigado para uma eleição de vida inspirada pela obediência a Igreja e a leitura mais rigorosa do Evangelho a vez que pela liberdade e a autonomia dos filhos de Deus que seguem uma vocação particular e de todo pessoal.
          


As estatísticas são difíceis, por não dizer impossíveis: ainda que se lhes conheçam, muito raramente os eremitas respondem a pesquisas ou questionários. Agora surgiu uma investigação dos jesuítas americanos que há tido um certo tipo de êxito,  de uma resultado de cerca de 600 eremitas em todo mundo que conseguiu cerca de 140 respostas. Uma miséria para qualquer outra categoria de eremitas, que se nos atentarmos para os valores fiáveis, contaria em todo o mundo com vinte mil pessoas. Na Itália de mil a mil e duzentos, divididos quase igual entre homens e mulheres. A imensa maioria é católica, ainda que não faltem outras confissões cristãs e outras confissões. Como alguém assinalou, o anacoreta é o mais “ecumênico” dos crentes -vivendo todos os dias- os valores que unem todas as confissões: oração, penitência, sacrifício, isolamento, contemplação.



     
Parece que entre os novos eremitas italianos também se cumpre o que revela a investigação americana, segundo a qual, apenas 2 % escolheu viver em grutas ou lugares desse estilo como galerias subterrâneas. Nem a maioria se encontra no campo ou nas montanhas. Na realidade, o maior número dos eremitas atuais  são urbanos !


     A cidade grande é o verdadeiro lugar da solidão e do anonimato, do combate silencioso contra os novos demônios. A maioria tem entre cinqüenta e sessenta anos, e são raríssimos os que estão com menos de trinta. 

Não há mais que recordar o velho provérbio: “Para um jovem eremita, um diabo velho”. Todos os mestres da vida espiritual hão ensinado sempre que uma vocação assim distingue a uma elite de homem e de mulheres particularmente experimentados. De fato, no eremitério não se tem o apoio de uma comunidade fraterna; a solidão e o silêncio constantes são uma alegria apenas para quem realmente há sido chamado;< alguns> nem sequer contam com algum hábito ou distintivo.

Não somente: a obrigada pobreza se converte muitas vezes em miséria, sobretudo para quem encontrou na cidade o seu “deserto”, dado que o anacoreta buscará fugir de toda “dissipação”, e por tanto, dos trabalhos em fábricas ou oficinas, viverá das pequenas coisas que possa fazer dentro de suas modestíssimas quatro paredes. Isto quase nunca assegura os ingressos suficientes para uma que uma vida não se deslize da pobreza para a indigência. Esta é uma das razões pela que muitos esperam ter uma idade suficiente para uma pequena aposentadoria ainda que mínima, que lhes permita cultivar em paz sua própria vocação.

  
  Em geral tem mas sorte para o sustento diário aqueles que tem sua casa no campo. Todas as experiências dão fé de que no princípio, é difícil pela desconfiança dos moradores que se perguntam quem será esse (a) “forasteiro (a)” estranho que, no geral, tem um ar distinto ( a maioria tem faculdade), que <quase> não recebe visitas, que não tem telefone, nem televisão, que dorme com as galinhas e acorda com a aurora, e que só fala com os demais – pároco inclusive- as mínimas palavras indispensáveis. De tal modo é isso que a primeira visita, em geral é da polícia local, alertado das observações dos vizinhos ! Depois, pouco a pouco, se aceita o (a) “forasteiro (a)” como um membro da comunidade, alguém singular.

Ainda que a maioria dos eremitas sejam leigos, também são numerosos aqueles sacerdotes, freis ou monjas que chegam a vida eremítica depois de muitos anos em comunidades tradicionais. São os mais afortunados, pois uma vez que lhes é concedido dar o passo a esta nova forma de vida, podem ter a ajuda da família religiosa da qual provêm.
        
  
Porém, Porque uma escolha assim?  Primeiro temos que dizer que se trata de uma vocação, um chamado, que floresceu novamente por reação a uma embriagues “comunitária”, “social”-e porque não dizer mundana- que arruinou muitos ambientes religiosos.O excesso da insistência com o compromisso com o mundo, o transbordamento das palavras, faladas e escritas, levaram a muitos a redescobrir a força da oração e o gozo do silêncio.                  
  O eremita dá sua vida por coisas “inúteis” segundo o mundo e, desgraçadamente também segundo certa “cultura da eficiência” cristã atual. A simples regra que ele mesmo escreve a si, e que quer submeter a aprovação do bispo, prevê, sobretudo, horas de oração, de leitura espiritual e de meditação. Prevê vigílias, jejuns, penitências, renúncias. No eremita há uma rejeição radical da lógica mundana, para a qual somente a ação, a política, o compromisso social, as inversões econômicas podem mudar o mundo para melhor. Ele por sua parte, respondeu a um chamado, que o fez compreender até o fim que somente quem entrega sua vida a salva, e que o modo mais eficaz de amar e de ajudar é de sepultar-se debaixo do anonimato, no silêncio, na impotência, crendo até o mais profundo no mistério da “comunhão dos
santos”.
    
 Creio que isto é o que queria dizer a inscrição que vi na parede da cela de um anacoreta em um eremitério deteriorado no coração de Turín: “O que vai ao deserto, não é um desertor”. Nada de um desertor, senão um crente que, em vez do ativismo construído apenas na aparência, decidiu praticar a forma mais alta de caridade na perspectiva evangélica: a oração ininterrupta por todos, e na solidão e no silêncio mais radicais.”


CONSIDERAÇÕES FINAIS:

* O Eremita Urbano segundo o autor, nada mais é do que um eremita diocesano que mora na cidade, a diferença é apenas ambiental.Nada impede todavia, que esse eremita seja autônomo.
* A cidade não é de forma alguma impedimento para a vida eremítica, embora, haja a condição adversa da falta de silêncio e… de inúmeros e imprevisíveis vizinhos cada qual de um jeito, de um tipo, de uma maneira de viver…
 *O eremitismo não é uma vocação para crianças e amadores, requer sólida maturidade,uma boa caminhada, enfim uma vida experimentada e provada no serviço de Deus.

* Vantagens: Perto de tudo- hospital, médico, fisioterapia, banco, supermercado, farmácia, Igrejas ( que podem oferecer a missa diária, adoração perpétua, retiros, peregrinações) , opções seguras de lazer ( um parque para caminhar, etc). Uma outra boa vantagem ao diocesano é estar mais perto da Cúria e ser mais facilitada as audiências com o Bispo, caso for necessário, é mais fácil para conseguir padres para missas no eremitério. Apartamentos são muito seguros, é uma vantagem importante. Mais proveitoso para conseguir artigos para o trabalho, dependendo do que for o ofício e conhecer clientes. Fica mais independente de benfeitores.

* Desvantagens: pouco silêncio (ora o trânsito, ora são reformas, ora os vizinhos,ora os trabalhadores…). Em apartamentos pode se revelar mais entediante, não há jardim… e ainda há desafios com vizinhos de cima que podem gostar de televisão alta, som alto, gritar palavrões e outros maus costumes…, a solidão física (sem ver e sem ser visto) você terá mais dentro de casa. O uso do hábito, é mais desafiante, principalmente aos que moram em apartamentos e podem se deparar no elevador, com qualquer pessoa tomando qualquer atitude (já tive a experiência quando estava na cidade, que uma vizinha correu e bateu a porta do elevador para não subir comigo!!!), há muitos que não gostariam de vê-lo… Casas geminadas podem mostrar a mesma desvantagem…Considere que as pessoas querem conviver com quem tem afinidades, pelo menos externas…

Sugestões:

* Para quem escolhe apartamentos, tenha poucos móveis, faça um jardim de inverno dentro de casa. Fica um ambiente bonito para descansar a vista e ter um lugar a mais para uma breve meditação além do oratório.

*Use e abuse dos abafadores de som, de todos os tipos e tamanhos, ajuda muito naqueles momentos de caos e total poluição auditiva (eu não vivo sem eles, faz parte do meu hábito )… Para saber quais são os melhores, sempre são os que reduzem mais db um abafador que reduz 23 db é superior em qualidade a um que reduz apenas 12db… Quanto maior o número melhor e mais silencio 
Pode ser adquirido facilmente no Mercado livre.

*Levante cedo, aquele silêncio das primeiras horas da manhã são os mais proveitosos, depois das 8:30 da manhã, já começa a agitação, e o silêncio da noite não é igual…