Corrigido e adaptado pelo Ir. José Crucificado de Jesus Hóstia - EREMITA
Matéria (original) : Vida Eremítica +
Grifo meu: Irmã Gema da Misericórdia Divina
Quais as etapas formais para ser um
eremita diocesano no Brasil?
2) No dia da audiência já deixe preparado um pedido por escrito formal solicitando ser admitido da diocese esse pedido deve ser uma auto – apresentação contendo uma resenha de sua biografia na vida religiosa (caso tiver entrado em alguma comunidade) e deve ser breve, de preferência uma folha frente e verso. Se for Arquidiocese, a solicitação na carta é dirigida ao Arcebispo, deve ser de preferência digitado dentro das normas da ABNT, leve sua regra de vida digitada e encadernada de preferência com canalete ou capa dura. Não são obrigações mas a apresentação deve ser formal o quanto for possível.
Tudo deve ser entregue ao Bispo que te atendeu.
Caso ele esteja ausente entregue sempre a sua secretária pessoal ou mais
próxima.
Em dioceses distantes tudo é feito por cartas ou e-mails. O próximo passo já é a viajem de mudança para o eremitério.
3) Doravante deve seguir cada um as orientações que
ouviu. Cada Bispo é de um jeito, e trabalha de uma maneira.
O mais difícil na vida eremítica é
generalizar.
Os Bispos vão pedir informações para comunidades e
conventos que você passou, a critério dele (Na verdade é provável que ele
não tenha tempo para examinar tão minunciosamente o seu caso…mas mesmo assim
esteja preparado), e pode pedir informações a outros Bispos também caso
tenha iniciado um processo, ou ingressou numa comunidade já findada.
O Bispo pode convidar o Eremita para outras
audiências, a fim de conhecer melhor o candidato.
Após essas etapas, você é aprovado para fazer uma
experiência.Essa aprovação é apenas uma autorização verbal sem formalidades.
Aqui no Brasil a maioria das dioceses não
fornecem eremitérios, se tiver, o Bispo irá indicar um local adequado para
a sua experiência, se não você vai ter que buscar uma casa por sua conta e
pelo seu bolso para ser o eremitério, onde ficará em experiência, não
há um prazo exato para o tempo de experiência que antecede os votos, pode ser
muito ou pouco dependendo do Bispo, não se trata de algo pessoal
com o eremita, e sim da personalidade do Bispo ser produtiva ou
procrastinadora… por isso, não há um padrão.
Quando o Bispo decidir que chegou o tempo de emitir
os votos ou vínculos sagrados,faz-se a profissão temporária que é feita
publicamente e é de no mínimo 3 anos e no máximo 9 anos, por fim depois desses
períodos o eremita é admitido a profissão perpétua.
Preciso ter tido algum antecedente em
vida religiosa para ser eremita?
Não. Pode ser leigo, sem ter tido nenhuma
experiência prévia, mas vai ser mais difícil se adaptar sozinho,sem ter tido
uma experiência de preferência na vida contemplativa, porém não é requisito
para uma admissão.
Existe faixa etária adequada para vida
eremítica?
A minha indicação é de 30 a 65 anos.
Muito cedo não é bom, pois não se tem maturidade para enfrentar uma vida
solitária, e muito tarde ( exceto se você vai
sair de um mosteiro que você é professo solene, e vai transferir para uma vida
eremítica, ou se você for sacerdote) não vai conseguir se adaptar a um
estilo de vida tão exigente…
O que posso fazer para adiantar minha
caminhada na vida eremítica ?
Primeiro, já ter a regra pronta como dito acima,
segundo já ter a casa para ser o eremitério (isso já adianta muito), terceiro
já tenha o seu enxoval, seu hábito (recomendo apenas um hábito,no meu
caso tive sorte, mas caso o Bispo não gostar e sugerir que fique sem hábito- em
geral dioceses muito progressistas- você não perde dinheiro) tudo
pronto!
Tenha uma experiência prévia de no mínimo um ano,
não é requisito, mas você já vai ter mais noção da sua regra e de como
vive -la.
Onde posso fazer uma experiência
eremítica sem compromisso?
A ÚNICA FORMA DE FAZER UMA EXPERIÊNCIA
SEM COMPROMISSO É DE MODO AUTÔNOMO, SEM ESTORVAR MOSTEIROS E EREMITÉRIOS!
ALUGUE UMA CASA , CHÁCARA OU APARTAMENTO,
ELABORE UMA REGRA E VIVA ELA!
SE NÃO TEM DINHEIRO PROCURE UM BENFEITOR
QUE PAGUE ESSA EXPERIÊNCIA PARA VOCÊ! SE NÃO TIVER NENHUM DOS DOIS,
ESPERE TEMPOS MELHORES ATÉ DEUS ABRIR AS PORTAS.
DO CONTRÁRIO VOCÊ
SEMPRE VAI ESTAR EM BREVES RETIROS, MAS NUNCA VAI FAZER UMA EXPERIÊNCIA
EREMÍTICA DE FATO!
OUTRA RECOMENDAÇÃO: SÓ PARTA PARA EXPERIÊNCIA
QUANDO JÁ TIVER 80% DE CERTEZA DE QUE ESSA É SUA VOCAÇÃO. A EXPERIÊNCIA DEVE SER
DE NO MÍNIMO 6 MESES PARA VOCÊ SENTIR A SOLIDÃO (CASO QUEIRA SEM COMPROMISSO)
,SE SUA INTENÇÃO É SER EREMITA MESMO, O IDEAL É UM ANO.
Quais são os contratempos que posso
enfrentar no processo de admissão?
1) Impedimentos: se você foi casado, mas seu
casamento não está nulo oficialmente pela Igreja, se você já apostatou a fé ou
foi incorporado a fraternidades e comunidades que não tem obediência ao
Santo Padre (esse anterior é impedimento apenas para incorporar no clero mas
pode ser que algum Bispo seja mais zeloso) se tem filhos pequenos ou ainda
menores de idade. Se está legitimamente casado na Igreja. Se não tem saúde
física ou mental para manter-se só e independente.
Outro impedimento importante: se você tem
parentes ou pessoas que dependam unicamente de sua assistência, pessoal e
financeira, para sobreviver ou para se manter ( no caso de pessoas com
deficiência, ou muito idosas).
2) Falta de objetividade do Bispo. As vezes os primeiros contatos parecem promissores, mas depois tudo cai num mortal silêncio… Nunca mais se consegue contatos com o Bispo, só se consegue falar com ele por meio de uma secretária que muitas vezes nem sequer transmite o recado… Enfim ele não quer dizer sim, nem não… Nesse caso só há duas alternativas: confiar no Bispo, ou partir para outra diocese.
3) O Bispo te esqueceu. Passou muito tempo e nada. Você consegue nova audiência e nada. O entusiasmo inicial simplesmente acabou. Podemos até insinuar que o Bispo, está querendo “vencer pelo cansaço”, desprezo e mutismo… E é provável que ele simplesmente te deixe em experiência por muitos anos sem se importar a mínima com sua vocação… Ter um bom Bispo é mais questão de sorte do que de mérito…
Aqui convêm ter discernimento, se você tem tempo a
perder, e muita esperança continue insistindo, mas se não, o melhor é
recorrer outras dioceses.
4) Informações falsas, exageradas e rancorosas de superiores de índole
duvidosa. Se você é invejado, perseguido, sofreu injustiça, ou sofreu uma
simples antipatia de superiores, terá aqui uma barreira.
O Bispo não é seu amigo, nem seu advogado. São em
geral pessoas muito ocupadas e sem tempo para desvendar mistérios e problemas
de candidatos. Logo as conclusões que tirará será pelo que for mais óbvio. Até
porque de nada adianta o superior ter índole duvidosa, se ele está longe… Quem
está querendo se incorporar na diocese é você, logo, você é a ameaça mais
preocupante…
Se Deus te assinalou com essa cruz, e você faz
muita questão de ser eremita diocesano, vai ter que
percorrer o mundo a achar um Bispo benévolo que te acolha, que não faça caso de
informações e queira conhecer a pessoa em primeiro lugar, senão, o melhor é ser
um eremita autônomo.
Claro que há também pessoas que cometeram erros,
querem mudar etc… e superiores, que são bons e honestos e dizem a verdade, mas
a grande maioria pertence ao primeiro grupo (98%), sempre pertenceu, até mesmo
os Santos. Os maus me parece que sempre tiveram sorte, para se
converterem…
5)Ninguém responde as cartas. A melhor saída é, se
você tem saúde, e é jovem, e não quer esperar muito, tente fora do Brasil :
Argentina, Peru, e México, tem sido opções muito boas. Vale mais a pena. Senão,
seja autônomo.
Quais os contratempos que posso
enfrentar depois da admissão ?
1) Precariedade. O eremitério não era como eu
esperava, falta luz, é úmido, não é isolado o quanto gostaria. Ou: é
isolado demais ! não tem nada perto, não tem Correios, para tudo precisa de
carro e gasta muita gasolina !
Solução: Geralmente os eremitas tem autonomia para
reformar o eremitério, mas aí é um gasto extra a ser feito, e também tudo o que
for gasto em obras é doação para a diocese… A questão do isolamento é mais
importante, pois se já foi tão difícil ser admitida… pedir ao Bispo
providenciar um eremitério mais isolado… Bom… em outros países funciona, mas
aqui acho que o pouco que se consegue deve-se receber de joelhos….
2) Falta de comunicação. Não confiem nas secretárias. O
melhor é escrever uma carta. E-mail é algo fácil de extraviar ou cair na caixa
de spam, o melhor é a carta formal, pois essa deve ser entregue nas mãos do
Bispo diretamente, sem intervenções (mas já ocorreu comigo de mesmo assim não
ter retorno…).
O eremita não é um assunto importante,
seu caso será o último a ser resolvido (se for)…
3) Prorrogações. Alguns Bispos para provar, podem
exigir o tempo máximo de Renovação dos Votos o que pode totalizar em até nove
anos… Pode ocorrer de mudar o Bispo ou o Bispo mudar de ideia … Mas esses são
os riscos também em conventos ou comunidades nas mãos de um superior…
Se o eremita não for considerado idôneo para
renovar os votos, deverá deixar o eremitério da diocese.
Se o eremita estiver em sua casa própria, perde
apenas o voto público e seu suporte canônico, mas pode continuar a viver como
eremita autônomo.
No caso é claro de ter havido algum mal entendido,
injustiça, calúnia, ou coisas do gênero que faz a pessoa parecer mal perante as
criaturas, mas se é incapaz de viver os votos, é melhor buscar outro modo de
vida.
4) Apostolados. Você pode ser intimado a prestar serviços a diocese se o Bispo assim o determinar.Geralmente esses serviços são atividades pastorais ou missionárias. A frequência destes, fica a critério do Bispo (Acontece com mais frequência em dioceses que sustentam os eremitas). Se você planeja desde o princípio uma severa reclusão numa vida estritamente contemplativa, talvez deva procurar um Bispo que compreenda uma regra com esse espírito.
Quais as vantagens de ser um eremita
diocesano ?
1) Incorporação oficial na Igreja. Você pode dizer
tranquilamente que é um religioso da diocese, assistido por ela, com uma
consagração pública acolhida pela Santa Sé. Todos vão saber imediatamente que é
um religioso em qualquer lugar da diocese.
2) Estabilidade. Dificilmente depois da profissão perpétua você estará sujeito a ser removido da Diocese, a não ser que cometa faltas gravíssimas.
Os terrenos da diocese costumam ser bons e
valorizados, o que vai te garantir muita tranquilidade e silêncio (se morar por
conta da diocese…)
3) Auxílios espirituais. Jamais te faltarão os auxílios espirituais necessários e se estiver num local isolado terá o grande privilégio de ter o Santíssimo Sacramento em seu próprio eremitério. Porém, isso não é regra e o Bispo não tem obrigação de entronizar o Santíssimo no Eremitério.
É
costume, mas não é lei.
A Diocese fornece ajuda material aos
eremitas?
Em geral aqui no Brasil não, todo eremita deve ter
sua própria fonte de renda ou ter benfeitores que os sustentem. A maioria não
tem renda expressiva e depende de benfeitores.
Posso mudar de diocese caso tenho me
arrependido ou encontrei outra diocese melhor?
Sim, você pode mudar mas recomendo
que você já tenha votos perpétuos,senão há um risco de ter que recomeçar a
experiência do zero! Se o Bispo for daqueles bem paternais você talvez consiga
começar da profissão temporária, mas terá que repetir o triênio, não são
regras, mas é o mais provável. O importante é a aceitação do Bispo da
diocese de destino, comunique-se com seu
Bispo atual e comunique sua transferência, se você não chegou a emitir os votos
ou vínculos sagrados, não é preciso nenhum documento, apenas o trato verbal é
suficiente. Se você emitiu ou votos ou vínculos sagrados deverá justificar por
escrito o motivo de sua saída ou transferência.
NUNCA PEÇA A DISPENSA DOS VOTOS SE VAI DAR
CONTINUIDADE DE SUA VOCAÇÃO CONSAGRADA.
Qual a melhor opção de eremitismo
quando não se tem nenhuma renda para investir ?
A melhor forma de vida para pessoas de baixa renda
é o eremitismo monástico,ou seja a vida semi – eremítica, pois não teria gasto
algum durante toda vida estando na obediência de uma regra, e de um
superior.
Existe eremitérios semi-eremíticos no
Brasil?
Não existe eremitérios semi-eremíticos
femininos no Brasil, pelo menos com
aprovação oficial da Igreja! Existe mosteiros que dão o nome de eremitérios mas
na verdade são cenobíticos, não tem nada de vida eremítica, como os orionitas
por exemplo, por vezes são mosteiros com poucos membros cerca de 5 e chama de
eremitério. Investigue bem se é como a Cartuxa, ou Família Monástica de Belém.
O que existem em geral são tentativas de fundações,
sem esperança de aprovação e puramente experimentais, e até mesmo umas
”seitas”, que se aventuram em querer fazer tudo da sua cabeça sem o Bispo, para
depois forçar ele aceitar com o tempo…e assim se passam 15, 20, 50 anos….
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