TRABALHO INTELECTUAL - Síntese Bibliográfica
Corrigido e adaptado pelo Ir. José Crucificado de Jesus Hóstia - EREMITA
Thomas Merton, famoso monge norte-americano, diz, em seu livro também famoso “Homem algum é uma ilha”, à página 211:“O ascetismo do falso solitário é sempre falso (...) A nossa reclusão, enquanto for imperfeita, há de tingir-se de amargura e desgosto, porque nos esgotará por um constante conflito. O aborrecimento é inevitável. A amargura, que não devia haver, está lá, no entanto. (...) O verdadeiro solitário tem de reconhecer a sua obrigação de amar as pessoas e as criaturas de Deus (...), é um dever que não é nunca amargo”.
Homem algum, em todos os tempos, será capaz de viver uma vida contemplativa como Jesus. No entanto, ele nunca foi eremita. Viveu a maior parte da vida como qualquer cristão leigo vive, ou seja, a “Vida de Nazaré”. Ele viveu 30 anos em família e 3 anos pregando. Isso nos mostra que é possível viver uma vida contemplativa sem ser necessário um isolamento físico. Jesus muitas vezes precisava se isolar mentalmente dos outros para orar, pois estava sempre rodeado de pessoas. Veja em Lucas 9, 18: “Estando (Jesus) orando a sós no meio dos discípulos...”
Podemos viver a contemplação em qualquer tipo de vida, sozinhos ou em família, bastando disciplinarmo-nos nos horários e nos nossos costumes. Dizia o Pe. René Voillaume, grande orientador e escritor, que dificilmente vai orar a pessoa que fica horas a fio sentada diante de uma televisão (livro “Irmão de Todos”, resumido no nosso site).
Outra coisa que vejo por aí é a mania de achar que as virtudes dependem só de nós. Engano! Muitos lutam como loucos para conquistar as virtudes, mas elas se tornam acessíveis quando as pedimos a Deus. Veja o que diz o salmo 126 (127):
“Se o Senhor não constrói a casa, em vão labutam os construtores; (...) É inútil que madrugueis, e que atraseis o vosso deitar para comer o pão com duros trabalhos: ao seu amado (Deus) o dá enquanto dorme!”.
1ª Pedro 5,6-7:
“Humilhai-vos sob a poderosa mão de Deus, para que na ocasião própria vos exalte; lançai nele toda a vossa preocupação porque é ele quem cuida de vós!”.
Gente amiga, todos nós somos fracos e indefesos. A madre Teresa de Calcutá, ou o Papa São João Paulo II não eram mais fortes do que nós. Apenas rezavam mais do que nós e confiavam mais na Graça divina. Só isso!
Quando nos sentirmos fracos para adquirir uma virtude, peçamos a Deus e Ele nos dará essa virtude. O que Jesus pede nada mais é do que “Vigiar e Orar”. O resto, ele faz. A oração, no entanto, deve ser contínua: “(...) para mostrar a necessidade de orar sempre, sem jamais esmorecer...” (Lucas 18, 1). Santo Agostinho dizia que oramos sempre quando procuramos em tudo a vontade de Deus e sempre nos conservamos na sua Graça. Aí, se nos conservarmos sem pecado, o próprio trabalho se torna uma oração. Os monges russos rezavam mais de 3000 vezes por dia esta oração: "Jesus, Filho do Deus vivo, tende piedade de mim"!
Quanto à penitência e mortificações necessárias, não é preciso procurá-las! Elas vêm até nós! Só pelo fato de lutarmos para conservarmos ou obtermos as virtudes (essa luta é sempre confiando na graça de Deus, como eu disse acima), isso já é uma penitência. É claro que é muito útil e até necessário fazer um ou dois dias de penitência na semana, a fim de nos fortalecermos na vida espiritual e dominarmos nossa vontade, mas não tornarmos isso uma obsessão.
Não adianta, por exemplo, você fazer um jejum rigoroso de alimentação mas viver reclamando da vida, ser sem educação e violento no tratamento com os outros, ser egoísta, ficar irado por qualquer coisa etc. Também de perdermos tempo com outras coisas desnecessárias. É justo, bom e necessário que tenhamos um tempo de relax, de descanso, de reposição das energias, mas o problema é ficarmos horas e horas atoa, sem nada fazer. Diz o cônego Celso Pedro: “Não tem o que fazer? Reze! Não sabe o que rezar? Reze o Pai-Nosso”!
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